quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Professores que não são professores

A respeito de educação, uma questão com a qual muito se depara mas pouco se discute é a formação dos professores. Os baixos salários e as poucas perspectivas de plano de carreira afugentam os jovens de seguir a profissão de professores. Quantos bons professores em potencial não acabam fazendo Direito, Administração, Engenharia, Jornalismo, entre outras faculdades? Conheci inúmeros que nunca pensaram em fazer uma faculdade que formasse professores, mas que seriam excelentes professores se o tivessem feito. Acontece que nem passa pela cabeça da maioria das pessoas ser professor. Além de baixos salários, não existe um reconhecimento por parte da sociedade aos profissionais da educação. Conversando com alguns colegas, chegamos à conclusão de que os professores ou são professores porque gostam demais da profissão, ou - pasmem! - porque não conseguiram fazer outra coisa nas suas profissões de origem e acabaram indo dar aula. Ou seja, fracassaram como médicos, engenheiros, advogados (até porque o mercado está saturado nestas áreas) e arrumaram (sabe-se lá como) emprego de professores.

Resumindo, de um modo bem simplório. O que encontramos é o seguinte. Jovens que teriam potencial para ser bons professores vão fazer cursos que lhes permitem trabalhar no mercado financeiro ou em multinacionais (Direito, Engenharia, Administração). Dentre os que optam por cursos de formação de professores, muitos acabam seguindo a carreira acadêmica e de pesquisa. Sobram para trabalhar na Educação Básica aqueles profissionais que, por vocação, dedicaram sua vida à Educação - e que, por sorte, não são tão raros como se pensa. Além destes, sobram aqueles que estão na Educação apenas "de passagem, enquanto não encontram algo melhor", e o afirmam sem o menor pudor.

Século XXI: chegou a hora do fim dos professores-advogados e professores-engenheiros! Não que o mal da educação esteja somente neles - e entre eles existem os que são bons profissionais, é claro. Mas enquanto não for valorizado o verdadeiro profissional da educação as coisas não irão mudar nunca. Aquele que fez Matemática, História, Física, Biologia, ou então que fez Pedagogia, ou até mesmo o antigo Curso Normal. Sim, porque um engenheiro da Poli, que pode até saber Matemática, não fez matéria de Educação. O mesmo serve para um advogado da São Francisco, que pode saber um pouco de História ou Português. Mas na verdade não sabe nada de Educação. Não é da área e pronto. Afinal, corretamente, não se permite a nenhum profissional que não seja médico realizar uma cirurgia.

2 comentários:

Camila Rodrigues disse...

UAU! Que desabafo, Alê! Acho que você, enfim, conseguiu me compreender quando digo que eu nunca fui professora, só fui uma pesquisadora que dava aulas... mas isso foi porque eu sou muito incapaz mesmo, eu fiz licenciatura, estágio, projetos em educação, bla bla bla mas nãqo estou preparada ainda, porque eu sempre me vi me formando para ser professora, só estou terminando etapas na minha formação antes, mas quando estive numa sala de aula adorei estar em contato com alunos, ensinar a eles o pouco que eu sei sobre História/Literatura e que hoje em dia poucos dão valor, mas eu eu dou! Você, sim, sempre foi mais professor que eu, eu babava te vendo ensinar, não é brincadeira quando eu falo que quando eu crescer vou ser professora que nem é o professor Alê! Esse ano eu queria me dedicar apenas a dar aulas e dar aulas de História, mas não consegui nenhuma ainda :(, mas o desejo era me aperfeiçoar, eu vou ser uma professora boa em breve, espero!
Abraço saudoso dos nossos papos
Camila

Anônimo disse...

Coincidentemente (ou talvez não tenha sido mero acaso), nessa semana um assunto relacionado à educação esteve em destaque: Professores responsáveis pela alfabetização realizaram prova no dia 17-Dez e cerca de 40% tiveram nota abaixo de 5.
Essa notícia me deixou sem palavras.
Mais detalhes: http://aprendiz.uol.com.br/content/jediuestuc.mmp