sábado, 30 de outubro de 2010

Eleições presidenciais

A eleição de 1989, a primeira presidencial desde 1960, foi também a única da História do Brasil em que o segundo turno foi uma disputa entre direita e esquerda, nas acepções clássicas dos termos. Já falamos dela aqui. No segundo turno, a direita mobilizou-se em favor de Collor. Do lado de Lula ficaram outros partidos de esquerda - o PDT de Brizola e o PSDB de Mario Covas.

No entanto, para chegar ao poder, o PSDB resolveu aproximar-se da direita, e até hoje mantém uma aliança com um dos partidos mais conservadores do país, o DEM, antigo PFL. Assim, Fernando Henrique venceu as eleições de 94 e 98. O PT, após três derrotas, para conseguir chegar ao poder, buscou também alianças com partidos de direita, como o PL, hoje PR. Assim, Lula venceu em 2002 e 2006.

Sobre FHC e Lula, colocamos aqui há dois anos um texto que continua atual de uma jornalista da Folha.



Dilma e Serra fizeram um segundo turno com poucas novidades. A grande preocupação parece ser a comparação entre os oito anos de governo tucano e os oito anos de governo petista. Não sabemos se isso é o que deve determinar o voto, mas, caso seja, é inegável que economicamente o Brasil teve um desempenho muito melhor no governo Lula. A inflação manteve-se estável, as taxas de juros baixaram, o PIB cresceu, o dólar baixou e o salário mínimo teve aumento real. Indiscutível. Se alguém duvida da popularidade de Lula, não se podem desconsiderar esses números.

O que se pode discutir é se o país avançou suficientemente em outras questões importantes: meio-ambiente, infraestrutura, ciência e tecnologia, combate ao crime organizado, combate à corrupção, entre outros. Algumas dessas questões são mais difíceis de serem avaliadas que a economia, ou então demandam maior tempo e vontade política. Infelizmente, nenhum dos dois candidatos conseguiu convencer satisfatoriamente a respeito de suas propostas nessas áreas, até porque os planos de governo tornaram-se muito semelhantes.

Supõe-se que seja eleita a candidata da situação, apesar de seu desempenho ter sido pífio na campanha, já que alguém que representa um governo que tem oitenta por cento de aprovação tinha obrigação de ganhar no primeiro turno. Com Serra ou com Dilma, alguém se habilita a prever o futuro?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eleições - 1° turno - Legislativo

Falamos exaustivamente que a eleição que importava era a do Legislativo. Pedimos exaustivamente para que os eleitores não escolhessem candidatos a esmo, sem antes pesquisar seu passado e suas idéias. Estávamos enganados. Não que não se devesse fazer isso. Acontece que tínhamos esquecido também que o sistema eleitoral brasileiro é bizarro. Quando se vota em um candidato, vota-se também, indiretamente, em seu partido e, o que é mais estranho, nos partidos coligados. A coligação precisa ter um mínimo de votos para conseguir vagas para seus deputados no Congresso. Isso cria absurdos.

Exemplo: no Rio Grande do Sul, Luciana Genro, do PSOL, teve mais de cem mil votos. Foi a oitava deputada mais votada. Como seu partido não fez coligações, não conseguiu atingir o mínimo de votos para ganhar representação na Câmara, e Luciana não foi eleita. Portanto, ainda que o seu Estado tenha direito a 31 deputados federais, Luciana Genro, a oitava colocada, não se elegeu.

Inúmeros são os exemplos de deputados pouco votados, mas que são “arrastados” pelos votos de seus coligados. Não dá para não se pensar em uma reforma política urgente que acabe logo com essas distorções. Opções são o voto em lista, ou distrital. Além disso, vale lembrar que seria importante separar a eleição do Legislativo da eleição do Executivo, para qualificar mais o debate.

Por fim, seguem tabelas com a composição atual do parlamento brasileiro – vale lembrar que os dados não são definitivos, já que ainda correm processos na Justiça quanto a candidatos impugnados. Interessante observar que um provável governo Dilma teria ampla maioria no Congresso, chegando próximo de uma maioria que possibilitaria reformas até de caráter constitucional. A pergunta é: “até que ponto isso é bom?”




quarta-feira, 20 de outubro de 2010

20 anos que foram 10

A MTV está fazendo hoje 20 anos de existência. Fará uma festa daqui a pouco com grandes nomes da música nacional, inclusive alguns projetados pela própria MTV. Legal.

Pena que as coisas mudaram tanto nesses últimos anos. Para começar, as bandas e compositores dos anos 80 e 90 não foram substituídos à altura. É só analisar os vencedores da premiação dos melhores artistas (VMB) de 95 para cá:



Há alguns meses, escrevemos aqui um comentário sobre o que era o panorama da música nacional em meados dos anos 90, especialmente em relação ao rock, cheio de talentos e alternativas. Hoje, ao que parece, fala-se das bandas "emo", e só...

Vão alguns vídeos de meados dos anos 90. São shows do VMB de Titãs, Chico Science e Sepultura, mas poderiam estar aí também Patofu, Paralamas, Skank, Racionais, Raimundos, entre tantos outros. Parece que a MTV, que começou para valer no Rock in Rio 1991, entrou em decadência junto com o rock brasileiro após o Rock in Rio 2001.





sábado, 16 de outubro de 2010

Chile

Nesse ano, foram veiculadas para todo o Mundo notícias relacionadas ao Chile. No começo do ano, houve um terrível terremoto que atingiu o centro-sul do país. Mais recentemente, as atenções estavam voltadas para o resgate histórico aos 33 mineiros que ficaram mais de dois meses soterrados em uma mina de cobre.

O Chile é um país latino-americano que já passou por grandes desastres naturais, mas também por muitos problemas políticos. Em 1970, Allende sobe ao poder como talvez uma das primeiras tentativas de experiência socialista por via democrática. Em 1973, vem o golpe de Estado promovido por setores conservadores. O Chile entra em uma ditadura sangrenta, sob domínio do general Pinochet.

Victor Jara, compositor, foi uma das primeiras vítimas da ditadura chilena. Ele foi torturado e morto brutalmente dias após o golpe, num ginásio de esportes que hoje recebe seu nome. Sua história é conhecida no mundo todo, mas parece que no Brasil não teve tanta repercussão. Será que por estarmos vivendo uma ditadura semelhante, à época?




domingo, 10 de outubro de 2010

Lennon e Pelé

Antes de voltarmos a falar da eleição, vamos lembrar que nesse mês de outubro comemoram-se 70 anos de idade de dois dos maiores personagens do esporte e da música no século XX. O futebolista brasileiro Pelé faz anos no dia 23 de outubro e John Lennon, compositor inglês, morto em 1980, teria feito 70 no último dia 09.

Sobre Pelé, podemos dizer que, segundo consta, teria sido o maior goleador da história do futebol, com mais de 1200 gols em aproximadamente 20 anos de carreira. Além disso, venceu três vezes o mais importante campeonato de futebol, a Copa do Mundo. Grande parte das pessoas que viu Pelé jogar não consegue imaginar que alguém possa superá-lo, já que ele era praticamente perfeito em todos os fundamentos do esporte.

Alguns discordam. Alguns brasileiros mais antigos afirmam que Leônidas foi melhor. Os argentinos mais velhos afirmam que o maior de todos foi Di Stéfano e os mais novos garantindo que o melhor mesmo foi Maradona. A discussão não deixa de ser interessante. Afinal, qual brasileiro viu Di Stefano jogar na Argentina dos anos 40? Quantos brasileiros acompanharam Maradona durante toda a carreira, e não só pela TV na época de Copa do Mundo? O que dizer de outros craques espetaculares, como Beckenbauer, Cruyff, Puskas, Best, Charlton, Zico, Zidane, entre tantos outros?

Ainda assim, se é quase impossível dizer quem foi o melhor, a questão é que Pelé foi um "divisor de águas" entre o futebol praticado nos anos 50/60 e o futebol moderno. Talvez o mérito não seja especificamente dele, mas a evolução do futebol dá um salto muito grande assim que Pelé aparece para o Mundo. Seja por aspectos táticos, físicos, ou, especialmente, por questões culturais. Pelé ficou conhecido no mundo tudo. A expansão universal do futebol teve participação significativa do "rei". Essa talvez seja a grande diferença entre ele e os demais craques.

Sobre John Lennon, vão alguns vídeos: