sexta-feira, 30 de julho de 2010

Cultura popular enviesada

Não precisa muito. Basta conversar com jovens de qualquer classe social. Ainda que você tenha uma mente aberta e liberal, não há como negar que os seus valores são cada vez mais deturpados. Afinal, já são pelo menos três décadas de mediocridade nas salas de aula da educação básica e de desprezo aos educadores. Pelo menos duas décadas de predominância de uma fraca programação televisiva. Cerca de duas décadas de uma espécie de "vamos liberar geral", com relação à produção cultural veiculada nos meios de comunicação. Resquícios de uma sociedade naturalmente contrária à censura vivida na época do Regime Millitar, mas que acaba, ainda que indiretamente, compactuando com manifestações populares no mínimo estranhas como o chamado "funk carioca".

Parece um discurso conservador, é claro. Mas vale lembrar que há alguns anos, mais precisamente em 1992, um cantor chamado Gabriel o Pensador teve uma música sua censurada porque dizia que estava feliz por ter matado o presidente (Collor, na época). Cinco anos depois, uma banda que se manifestava favorável à legalização da maconha, o Planet Hemp, foi presa durante um show por fazer apologia às drogas. Na época, discutia-se até que ponto tais manifestações deveriam ou não ser censuradas.

Hoje, a questão é realmente grave, e ninguém se mobiliza a respeito. Algumas letras de funk fazem exaltação direta ao crime organizado e são hits entre adolescentes. Vale a pena conferir a reportagem do "The Observer" de 2005 e constatar que nada mudou, ou se mudou foi para pior. É verdade também que os veículos de propagação da produção cultural (se é que podemos chamar isso de cultura) são hoje mais diversificados e difíceis de serem controlados. Mas o que mais chama a atenção é a falta de discussão a respeito.

Não é a censura que vai mudar alguma coisa, mas a criação de alternativas que possam substituir esses "lixos culturais". Nas salas de aula, nas igrejas, no terceiro setor, nos clubes e demais organizações da sociedade civil freqüentadas por jovens, há uma necessidade urgente de intervenção que promova o reestabelecimento de uma produção cultural, seja erudita ou popular, mas que não seja enviesada.

sábado, 24 de julho de 2010

Educar com ou sem palmadas

A proposta de uma lei recentemente aprovada que proíbe os castigos físicos a crianças e adolescentes já está levantando polêmicas. A própria revista Veja, de grande circulação no país, já publicou uma matéria a respeito, criticando, ainda que indiretamente, a nova lei. Aliás, a revista Veja adora se posicionar em questões polêmicas como essa.

A lei vem para atualizar e regulamentar com mais precisão o Estatuto da Criança e do Adolescente, que já condenava os maus-tratos, mas não deixava clara a questão das punições corporais.

De qualquer modo, é uma boa discussão: o Estado tem o direito de interferir nesse tipo de relação privada, como a educação familiar? Acreditamos que sim, se o que está em questão é a integridade física e psíquica de crianças e adolescentes.

sábado, 17 de julho de 2010

Longe é um lugar que não existe

Pelo menos é assim para nossos colegas Marcão e Cris. Eles resolveram fazer mais uma de suas aventuras pelo Mundo afora. Uma viagem que está sendo programada há anos. Já saíram de São Paulo e começaram pela África do Sul. Depois, entre outros lugares, Egito, Oriente Médio, Índia, Sudeste Asiático, Oceania, Havaí, e terminando à Kerouac, atravessando de carro todo os Estados Unidos.

Para todos acompanharem esse trajeto, estão atualizando seus dois blogs. O do Marcão é o http://www.blogontheroad.com/ e o da Cris é o http://www.viajarcomgosto.com/. Cada um a seu modo, já que o Marcão é fotógrafo e produtor de cinema, e a Cris é chef de cozinha. Vale a pena conferir as histórias e as belas imagens.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Acabou a Copa

Pois é. Acabou a Copa. Agora é hora de voltar a falar de outros temas, não sem antes fazermos um balanço final. A campeã foi a Espanha, a oitava campeã da História, mas poderia ter sido qualquer um dos quatro semi-finalistas. A Holanda também soube trabalhar bem a bola e venceu bem os seis jogos que disputou antes da final. Teve sempre mais posse de bola e jogou sempre pelo chão, como é de seu estilo. Também continuou usando linha de impedimento, como a Holanda do Carrossel e a de 98. Não fugiu em momento algum de sua característica, até chegar à final e encontrar uma equipe com características semelhantes, que também privilegiava a posse de bola e os passes rasteiros. A diferença é que a Espanha conseguiu fazer maior movimentação ofensiva e tinha um elenco um pouco melhor tecnicamente. O título foi merecido, mas isso não tirou os méritos de jogadores como Robben e Sneijder.

A Alemanha foi brilhante contra Argentina e Inglaterra, mas também se perdeu no jogo contra os espanhóis. Não conseguiram encaixar os contra-ataques e seu principal jogador foi muito bem marcado: Schweinsteiger. Mérito dos espanhóis mais uma vez. O time alemão, jovem e de encher os olhos, se contentou mesmo com o terceiro lugar. Já os uruguaios, depois de uma partida épica contra Gana (a mais emocionante do Mundial), acabaram perdendo com dignidade, e ainda tiveram o prêmio do melhor jogador da Copa - Forlán.

Para o Brasil, faltou mesmo elenco e tranqüilidade, mas se pode dizer que a campanha de Dunga foi satisfatória, tendo em vista o nível de equilíbrio desta Copa. O mesmo serve para a Argentina de Maradona. Vale ressaltar que a única seleção que terminou invicta a competição foi a Nova Zelândia (quem diria?).

Por fim, destaque para o polvo que adivinhava os resultados: não errou uma. Já se diz aqui no Brasil que perguntaram para o polvo quem ia vencer a eleição brasileira (Dilma ou Serra) e ele tentou várias vezes sair do aquário.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Chegou a Fase Final!

Agora, restam apenas oito partidas para o fim da 19ª Copa. Muitas indefinições. Alemanha e Argentina até agora são as melhores equipes do Mundial, mas se enfrentam já nas quartas. Os alemães parecem estar com mais entrosamento. Derrotaram os ingleses com muita competência numa partida emocionante, que entrará para a História por causa do gol de Lampard que o árbitro anulou (impossível não fazer uma comparação com o gol de Hurst que foi validado há 44 anos). Os argentinos, apesar de não terem o mesmo entrosamento, têm valores individuais que desequilibram, como Messi. Será outra partida épica. O vencedor provavelmente enfrentará a Espanha, que deve ter qualidade suficiente para desbancar o regular mas pouco criativo Paraguai.

Do mesmo jeito, Brasil e Holanda fazem outra disputa interessante. A melhor defesa no papel é a do Brasil: Julio Cesar, Maicon, Lúcio e Juan. Só Michel Bastos na esquerda não inspira tanta confiança. O problema é que é justamente daquele lado que joga Robben, craque holandês. Será um duelo interessante. A Holanda pode complicar a vida do Brasil, que tem desfalques no meio-campo. Os europeus podem vencer o duelo no meio-campo e devem ter a posse de bola. Mas isso pode não contar muito, já que o contra-ataque canarinho é muito eficiente, com Robinho em boa fase, e Luis Fabiano com condições de ganhar disputas de bolas longas dos zagueiros laranjas.

O confronto entre Uruguai e Gana será muito interessante. A equipe africana conta com a força defensiva e os bons marcadores do meio-campo para tentar ganhar o jogo em um contra-ataque, em uma bola longa, ou na bola parada, contando com a força de Boateng e o oportunismo de Gyan. Já os sul-americanos deverão manter a posse da bola e torcer pela inspiração de Suarez e Forlan, dois dos craques da Copa até aqui.

Dia 12 de julho comentaremos as finais e faremos um balanço final da Copa, antes de mudarmos de assunto, já que em breve teremos eleições...