sábado, 24 de maio de 2008

1968 - parte 2

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7 comentários:

rsandri disse...

Realmente a década de 60 foi uma das melhores quando o assunto é música e acontecimentos.

Festivais da record; beatles; o início da televisão no Brasil entre outras coisas...

Anônimo disse...

1968:5 de Janeiro - Início da Primavera de Praga, marcada pela vitória nas eleições do ministro Alexander Dubček, que questiona a Cortina de Ferro.
4 de março - Muhammad Ali perde o título de campeão dos pesos pesados por se recusar a lutar no Vietnã.
7 de Março - Guerra do Vietnã: Primeira batalha em Saigon começa.
28 de Março - O estudante paraense Edson Luís de Lima Souto, de 16 anos, é morto pela polícia no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, Brasil. Secundarista e pobre, Edson estava almoçando no restaurante quando foi mortalmente baleado. Ao contrário do que o governo publicou na época, Edson não era líder estudantil nem participava de confrontos armados

Anônimo disse...

4 de Abril - Martin Luther King é assassinado em Memphis, Tennessee.
6 de abril - Lançamento do filme 2001, Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick.
26 de Maio - O médico Euryclides de Jesus Zerbini realiza em João Boiadeiro o primeiro transplante cardíaco do Brasil.
26 de Junho - É realizada, na Av. Rio Branco, centro do Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. Maior manifestação civil contra a ditadura militar, antes da decretação do AI-5, com participação de intelectuais, artistas e ativistas políticos. A "Marcha dos 100 Mil" representou o auge da resistência popular à ditadura e desfilou pelo centro do Rio praticamente sem nenhum incidente: o assassinato do estudante Edson Luís causou grande comoção social e, pela primeira vez - desde o golpe, os militares foram colocados na defensiva e aceitaram negociar uma pauta de reivindicações com os manifestantes. A marcha foi dedicada à memória do estudante Edson Luís, morto três meses antes.
1 de Julho - 137 países assinam acordo de não proliferação nuclear

Anônimo disse...

3 de Setembro - O jornalista e deputado federal Márcio Moreira Alves, do MDB carioca, faz discurso no congresso criticando a ditadura militar. Em dado momento, Márcio ironiza os militares, pedindo para as jovens moças evitarem dançar com cadetes. O discurso irrita os generais e Márcio é processado.
2 e 3 de Outubro
A rua Maria Antônia, na cidade brasileira de São Paulo, onde se situavam a Universidade Mackenzie e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo é palco do conflito que ficou conhecido como a "Batalha da Maria Antônia"[1].
O general peruano Juan Velasco Alvarado dirige um golpe de estado, iniciando o regime militar que durou até 1980 no Peru.
11 de Outubro - Lançada a Apollo 7, cuja missão foi a primeira televisionada.
13 de Dezembro - O Presidente Costa e Silva decreta o AI-5 - Ato Institucional número 5, dando início ao período mais fechado e violento da ditadura militar no Brasil iniciada em 31 de Março de 1964. O ato, que durou dez anos, foi motivado pela recusa do Congresso Nacional em condenar o deputado Márcio Moreira Alves pelo discurso de setembro, que afrontou a ditadura.

Anônimo disse...

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A Revolução Inesperada
“Havia um ar estranho: a revolução inesperada arrastara o adversário, tudo era permitido, a felicidade coletiva era desenfreada.” - Antonio Negri

“1968” foi o ano louco e enigmático do nosso século. Ninguém o previu e muito poucos os que dele participaram entenderam afinal o que ocorreu. Deu-se uma espécie de furacão humano, uma generalizada e estridente insatisfação juvenil, que varreu o mundo em todas as direções. Seu único antepassado foi 1848 quando também uma maré revolucionária - a “ Primavera dos Povos” -, iniciada em Paris em fevereiro, espalhou-se por quase todas as capitais e grandes cidades da Europa, chegando até o Recife no Brasil.

O próprio filósofo Jean-Paul Sartre, presente nos acontecimentos de maio de 1968 em Paris, confessou, dois anos depois, que “ainda estava pensando no que havia acontecido e que não tinha compreendido muito bem: não pude entender o que aqueles jovens queriam...então acompanhei como pude...fui conversar com eles na Sorbone, mas isso não queria dizer nada” (Situations X).

A dificuldade de interpretrar os acontecimentos daquele ano deve-se não só à “multipla potencialidade do movimento”como a ambiguidade do seu resultado final. A mistura de festa saturnal romana com combates de rua entre estudantes, operários e policiais, fez com que alguns, como C.Castoriaditis, o vissem como “uma revolta comunitária” enquanto que para Gilles Lipovetsky e outros era “a reinvidicação de um novo individualismo.”

Tornou-se um ano mítico porque “1968” foi o ponto de partida para uma série de transformações políticas, éticas, sexuais e comportamentais, que afetaram as sociedades da época de uma maneira irreversível. Seria o marco para os movimentos ecologistas, feministas, das organizações não-governamentais (ONGs) e dos defensores das minorias e dos direitos humanos. Frustrou muita gente também. A não realização dos seus sonhos, “da imaginação chegando ao poder”, fez com que parte da juventude militante daquela época se refugiasse no consumo das drogas ou escolhesse a estrada da violência, da guerrilha e do terrorismo urbano.

“1968” foi também uma reação extremada, juvenil, às pressões de mais de vinte anos de Guerra Fria. Uma rejeição aos processos de manipulação da opinião pública por meio dos mass-midia que atuavam como “aparelhos ideológicos” incutindo os valores do capitalismo, e, simultaneamente, um repúdio “ao socialismo real”, ao marxismo oficial, ortodoxo, vigente no leste Europeu, e entre os PCs europeus ocidentais, vistos como ultrapassados.

Assemelhou-se aquele ano aloucado a um calidoscópio, para qualquer lado que se girasse novas formas e novas expressões vinha a luz. Foi uma espécie de fissão nuclear espontânea que abalou as instituições e regimes. Uma revolução que não se socorreu de tiros e bombas, mas da pichação, das pedradas, das reuniões de massa, do autofalante e de muita irreverência. Tudo o que parecia sólido desmanchou-se no ar.

nosságora disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Mas e qual herança temos de tudo isso? Há alguma?
Estive em Paris há algumas semanas e eles ainda vão às ruas para se manifestarem ou contra o Sarcozy ou contra o modelo imperialista americano ou contra qq outra coisa q o incomodem. Toda terça há congestionamento causado pelas manifestações, porém nada impede que se manifestem outros dias também. As pessoas (pelo menos as q conversaram comigo) pareciam muito mais críticas e conscientes do mundo em q viviam. No mais, lá se vive num clima maior de respeito a minorias, apesar de movimentos xenófobos.
Em Londres, pude presenciar uma manifestação contra a loja de roupas Playboy em plena Oxford Street. Diziam que a Playboy denegria a imagem da mulher, por isso pediam para que não contribuissem com aquela loja.
E aqui? Q tipo de consciência encontramos? Não sei se estou sendo injusto, mas não consigo fazer nenhum paralelo...