sábado, 27 de dezembro de 2008

Ano Novo com Rossini

No Ano Novo, nada melhor que ouvir Rossini - O Barbeiro de Sevilha.
Duas árias famosas. Uma do barítono Tito Gobbi, de 1946. Uma do baixo Robert Lloyd, de 1988.





Um 2009 sem muitas CALÚNIASS !!! ehehe

domingo, 21 de dezembro de 2008

Tabacaria

...

"o dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra ,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da Tabacaria sorriu."



Durante o ano que vem passaremos por momentos de angústia, dor, sofrimento e decepções. No entanto, o nosso desejo aos amigos é que, naqueles raros segundos de alegria, o tempo pare.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Incompetência e perversidade

Quando se trata de educação, sabe-se que muitos erros são cometidos diariamente nas escolas e estabelecimentos educacionais do mundo todo, e isto não seria diferente no Brasil. Errar é humano. E na FEBEM, a atual Fundação CASA? Muitos erros? Sem dúvida. Afinal, errar é humano, e trabalhar na FEBEM, convenhamos - não deve ser nada fácil. Mas, nada justifica o que se descobriu semana passada.

Trechos da reportagem da Folha:

"Entidades de defesa dos direitos humanos e políticos visitaram simultaneamente 20 unidades da Fundação Casa e constataram casos de tortura, agressão e maus-tratos aos internos. Há relatos de espancamento, isolamento e constrangimento em unidades do interior e da capital do Estado. Adolescentes relataram que temiam punições após as visitas."

"Em uma unidade, representantes de entidades civis acompanhados do senador Eduardo Suplicy (PT) presenciaram seis adolescentes cumprindo um 'castigo'. Eles relataram aos visitantes que estavam 'presos' no quarto havia 11 dias em beliches sem colchão, sem poder conversar, sem banho de sol e sem passar pela comissão de avaliação disciplinar. 'A direção alegou que eles estavam envolvidos em casos de violência com outro interno. Mas nada disso foi comprovado', disse Aristeu Bertelli, da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos. De acordo com ele, o regimento prevê sanção de no máximo cinco dias, mas com atividades pedagógicas. 'Essas sanções acabam ocorrendo muito mais em decorrência de uma perversidade dos agentes da instituição do que efetivamente por algo cometido por um adolescente contra outro', declarou Givanildo da Silva, do Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Na mesma unidade, adolescentes relataram que funcionários utilizam uma espécie de enxada, apelidada de 'creusa', para ameaçá-los e agredi-los. Um deles estava com o braço fraturado. Em uma unidade do Brás, na capital, dez meninos disseram que apanharam de funcionários com cadeiras. Um deles tinha o dedo quebrado e outro, um corte na cabeça."



Mais detalhes em: http://infanciaurgente.blogspot.com/2008/12/visita-do-coletivo-em-defesa-dos.html

domingo, 14 de dezembro de 2008

Caetano

Uma amiga me falou que "Chico é o romancista da música brasileira e Caetano é o poeta".

Isso mesmo! Até porque, em certos instantes de angústia existencial, ela tem razão - cabe mais um Caetano. Ou melhor, dois:



terça-feira, 9 de dezembro de 2008

John, e Tom, e Salinger

Agradecendo a lembrança de um colega meu, não poderia deixar de postar sobre isso. Hoje, 8 de dezembro, são completados 28 anos da morte de John Lennon e 14 anos da morte de Tom Jobim. Dois compositores geniais.

Que me desculpem os fãs da bossa-nova, mas vou colocar apenas um vídeo em homenagem ao grande gênio de Liverpool.



Isto também porque, hoje mesmo, por coincidência, eu estava falando a respeito do livro "The Catcher in the Rye" (O Apanhador no Campo de Centeio) de J. D. Salinger. Ao lembrarmos da morte de John Lennon, sempre vêm à mente a história do jovem que o assassinou. Ele declarou tê-lo feito porque o livro teria dado a ele esta mensagem. Coisa de louco mesmo. Um dos maiores clássicos da literatura americana, o livro de Salinger serviu de inspiração a todo o movimento de contracultura dos anos 50 e 60, e tem passagens muito interessantes.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Chaplin, Simpsons e Internet

Uns dias atrás, entrei em contato com um belo texto atribuído a Charles Chaplin. Lido e interpretado por uma atriz conhecida minha e de enorme talento, emocionou-me. Hoje, resolvi pesquisar na Internet o texto na íntegra simplesmente para publicá-lo no blog. Quem diria! O texto não era de Chaplin. É de um autor brasileiro que o escreveu recentemente e começou a repassar na Internet. Apenas na última frase ele citou um pensamento de Chaplin. Mas é a velha história do telefone sem fio. Alguém tirou as aspas, e acabou que o texto todo passou a ser atribuído a Chaplin. Coisas da Internet.

O bonito texto e a história toda está resumida neste site: http://comoutrosolhos.multiply.com/journal/item/56

É engraçado, mas o texto agora parece que perdeu um pouco do seu charme, já que não é mais atribuído a Chaplin, o que me fez lembrar de um episódio dos Simpsons. Aquele em que a Lisa faz uma pesquisa sobre o patrono da cidade, Jebediah Springfield, e descobre que ele é uma fraude. No final, não tem coragem de causar uma desilusão ou revolta geral, e acaba não contando a verdade.