segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Legítima defesa?

A respeito da matéria de hoje da Folha de São Paulo: "Promotor mata motoqueiro com 11 tiros". Que história difícil de engolir...

"O promotor Pedro Baracat Guimarães Pereira, 42, matou o motoqueiro Firmino Barbosa, 30, às 22h30 de sábado em Moema (zona sul de São Paulo). À polícia ele alegou que reagiu a uma tentativa de assalto. Amigos e parentes negam que Barbosa fosse criminoso. Segundo o "Fantástico", da TV Globo, porém, duas pessoas o reconheceram como autor de outros assaltos ontem à noite. Peritos do IML (Instituto Médico Legal) dizem que o motociclista levou 11 tiros. A polícia não revela qual a arma utilizada pelo promotor, não confirma o número de tiros disparados nem se o acusado tinha ficha policial. A mulher dele está grávida de oito meses. A Folha apurou que a arma do promotor seria uma pistola 9 milímetros, de uso restrito das Forças Armadas, e que o suposto assaltante não teria antecedente criminal. O promotor não foi localizado ontem - recados foram deixados em seu telefone celular pela reportagem. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, após ter matado Barbosa, o promotor saiu do local (à polícia, declarou ter medo da reação de eventuais comparsas), avisou a Polícia Militar pelo telefone do ocorrido e se dirigiu ao Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), onde foi ouvido e liberado.Segundo o boletim de ocorrência, Pereira aguardava em seu carro, um Honda Civic, a abertura do semáforo na avenida República do Líbano, ao lado do parque Ibirapuera, quando Barbosa chegou em uma moto com placa apagada e anunciou o assalto. Barbosa, sempre na versão do promotor que consta do boletim de ocorrência, teria pedido o relógio de Pereira e levado a mão à cintura como se fosse sacar uma arma. O promotor, então, teria pego sua própria pistola e atirado. Não foi encontrada nenhuma arma com o motociclista. Já no Deic, segundo a secretaria, o promotor teria ficado sabendo que o motociclista foi socorrido policiais, mas morreu no hospital. Com Barbosa, a polícia declara ter encontrado cinco relógios - cujos modelos não foram divulgados. A moto dele e a arma do promotor também foram apreendidas. Segundo a polícia, duas testemunhas confirmaram a versão do promotor. Seriam moradores da região, mas os seus nomes não foram divulgados. A polícia não investigará o caso, diz a Secretaria da Segurança Pública, pois cabe ao Ministério Público apurar casos que envolvam promotores. O caso foi encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Rodrigo César de Rebello Pinho. Pereira é membro do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial e assinou uma denúncia contra Pinho encaminhada ao Conselho Nacional do Ministério Público acusando-o de favorecer o governo José Serra (PSDB) em investigações. Foi também um dos autores da denúncia contra 25 pessoas que seriam responsáveis pelos ataques do PCC em 2006. A Lei Orgânica do Ministério Público prevê que, quando a polícia identificar "indício de prática de infração penal por parte de membro do Ministério Público", o processo deve ser encaminhado ao procurador-geral de Justiça, "a quem competirá dar prosseguimento à apuração do fato". Barbosa é pai de dois filhos e, segundo amigos, sua mulher está grávida de oito meses.O velório do motoqueiro, no cemitério Jardim da Paz, na periferia de Embu (Grande São Paulo), onde ele morava, foi curto, porém tenso. Amigos do morto impediram o acesso da reportagem de duas redes de televisão ao local. A mãe xingava o promotor. Diziam que ele não era criminoso. "Estão falando que ele foi roubar o cara [o promotor]. Ele não foi. Um cara que trabalha em dois serviços não vai pensar em roubar", disse um deles. Um dos filhos de Barbosa, com cerca de oito anos de idade, era consolado por familiares enquanto chamava pelo pai. "

Um comentário:

Anônimo disse...

Desânimo com o mundo. Saída não há. Há?