segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Proibição de jogos eletrônicos violentos

Há cerca de duas semanas, uma decisão de uma vara federal de Minas Gerais considerou impróprios para o consumo alguns jogos eletrônicos como o "Counter Strike" e o "EverQuest", e o Procon de Goiás resolveu recolher do mercado os produtos. São jogos que já têm classificação etária definida por lei - acima de 18 anos.

A justificativa dada é de que os jogos violentos ou que tragam a tônica da violência seriam capazes de formar indivíduos agressivos, tendo poder de influência sobre o psiquismo e reforçando atitudes agressivas em certos indivíduos e grupos sociais.

Até que ponto isto é verdadeiro? Existem estudos suficientes a respeito para garantir o cabimento desta decisão? Selecionei abaixo algumas opiniões que considerei adequadas.


De acordo com um estudo do pesquisador japonês Ryuta Kawashima da Universidade de Tohoku, ficou provado que os jogos eletrônicos não estimulam áreas importantes do cérebro, concentrando-se apenas em estímulos visuais e motores, gerando comportamento anti-social e não trazendo benefícios ao raciocínio abstrato.

Para o filósofo italiano Umberto Galimberti, da Universidade de Veneza, a criança que passa muito tempo utilizando videogames e televisão submete-se a uma hiperestimulação que não consegue ser devidamente elaborada, o que leva a uma angústia, ou a uma apatia da psique.

Já para a professora Lynn Alves, da Universidade Estadual da Bahia, considera que atribuir a jogos eletrônicos qualquer comportamento violento nos ambientes sociais seria um "reducionismo", e que os jogos podem se constituir em espaços de aprendizagem.

De qualquer maneira, acredito que o grande problema dos jogos eletrônicos (e de certa forma, também da televisão) é que mantêm a atenção das pessoas por muito tempo presas na mesma linguagem. Prejudica, assim, o desenvolvimento de outras habilidades físicas e intelectuais nos indivíduos. Sendo assim, acabam trazendo mais malefícios do que benefícios. Mas, ainda assim, não penso que os jogos não possam ser utilizados como fonte de entretenimento e informação.

3 comentários:

Anônimo disse...

Concordo pouco com cada um de vocês. Primeiro ponto, compartilho da opinião de que seja proibido proibir como cantou Caetano, porém desconfio da real democracia presente nos meios de comunicação proporcionada pela tecnologia. Até onde consigo entender do assunto (essa não é minha área de formação), a Psicologia alega que todos temos instintos violentos (que podem ou não estar ligados ao genes) e que podem ser potencializados pelos estímulos externos, obetendo-se prazer já que estaríamos alimentando um instinto nosso. Dessa maneira, a indústria de games, como qualquer outro tipo de indústria interessada em lucrar, usaria essas características humanas para vender jogos, pouco se importando com a conseqüência disso para a sociedade (refiro-me à sustentabilidade das ações empresarias, tão em moda nos dias atuais). Como causa prazer – tanto nos jogos como na prática da violência – o vício, defendido por muitos autores, poderia ocorrer fazendo com que se compre mais games. Afinal, pela teoria comportamental da Psicologia (Behaviorismo), tudo aquilo que nos provoca um reforço positivo, queremos repeti-lo. Do modo colocado, o indivíduo ficaria preso a um tipo de comportamento de jogar e alguns a praticar a violência (não como conseqüência exclusiva da prática de jogos, mas sendo essa potencializadora de tal comportamento). Se isso tudo ocorrer de fato, não vejo razão para se ver a não proibição desses jogos como forma de democracia. Pouco vejo também outra maneira de resolver essa questão, senão com o desenvolvimento do senso crítico das crianças, o que só poderia ocorrer se a educação das mesmas não se limitassem aos jogos e afins.
Ou seja, o problema é mais a limitação aos jogos e afins que outra coisa. Mas como fazer com que essas crianças não se limitem aos jogos? O oferecimento de outras atividades interessantes seria bom. Há? Tenho dúvidas. Limitar ainda mais as atividades hoje oferecidas seria a solução? Continuo com dúvidas.
Voltando à democratização dos meios de comunicação, tenho dúvidas (mais ainda), se crianças poderiam ser expostas a letras de axé, funk, xuxa e etc. Ou ainda se deveriam ser expostas à pornografia na TV. Pode até soar puritano demais, mas não sei se existe a necessidade de crianças desenvolverem a sexualidade tão cedo como vem ocorrendo. Isso é tudo culpa da democratização (ou seria imposição?) dos nossos meios de comunicação que atraem nossos instintos mais sacanas, assim como faziam os beijos da Ana na música de Humberto Gessinger.
Só para resumir, minha posição é que se respeitem as crianças e isso não significa que tenham que ser feitas todas suas vontades.

Anônimo disse...

Concordo com a última opinião aqui exposta.

"Como fazer com que essas crianças não se limitem aos jogos? O oferecimento de outras atividades interessantes seria bom." Acho q essa seria a melhor resposta mesmo.

A molecada que está jogando bola, andando de bicicleta ou tocando algum instrumento musical tem uma vida mais saudável (física e intelectualmente falando) do que a que está horas na frente de uma tevê ou videogame.

Cabe aos pais e aos educadores (assim como à opinião pública em geral) mudar o foco das atividades infantis, e desenvolver, assim, uma postura mais crítica em relação às novas tecnologias ou às imposições da mídia.

Díficil, mas possível.

Anônimo disse...

Mudando um pouco de assunto (de certa maneira, sem mudar), vejam esse vídeo que fala sobre o perigo da leitura. http://www.youtube.com/watch?v=57hum9zwjZc&feature=related

Bonito.