Duas óperas de Giuseppe Verdi serão encenadas em São Paulo nestes dias. O Teatro São Pedro começa hoje sua temporada lírica com "La Traviata", uma das óperas mais conhecidas e encenadas do autor. Enquanto isso, daqui a duas semanas, o Teatro Municipal terá a encenação de "Falstaff", última obra de Verdi, e, embora não tão conhecida, considerada por alguns críticos a de maior excelência musical. A boa notícia é que os ingressos são populares!
domingo, 30 de março de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
Remuneração por Desempenho
Não há necessidade de se colocar aqui os números recentes das avaliações feitas pelo governo que dizem respeito à qualidade da educação básica pública. Todos já sabem dos números desastrosos.
Alternativas estão sendo estudadas na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo para que este problema seja ao menos atenuado. Uma delas é a remuneração por desempenho, que propõe dar bônus no salário dos professores de cujo colégio tiver melhores notas nos exames feitos pelo governo.
Algumas questões a serem colocadas:
1) O estímulo principal para maior desempenho e dedicação dos professores deve ser uma mera gratificação material? A própria carreira da docência não deveria ser o maior estímulo para uma maior dedicação a ela?
2) A formação dos alunos pode estar restrita a uma preparação para os testes de conhecimento?
3) Até que ponto tais exames retratam a qualidade dos professores e do ensino? Será que as avaliações conseguem dar conta da complexidade do fenômeno educacional?
4) Que tal uma ampla campanha em prol da valorização incondicional do profissional da educação pública? Isso inclui uma revisão de planos de carreira e não simples gratificações.
Alternativas estão sendo estudadas na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo para que este problema seja ao menos atenuado. Uma delas é a remuneração por desempenho, que propõe dar bônus no salário dos professores de cujo colégio tiver melhores notas nos exames feitos pelo governo.
Algumas questões a serem colocadas:
1) O estímulo principal para maior desempenho e dedicação dos professores deve ser uma mera gratificação material? A própria carreira da docência não deveria ser o maior estímulo para uma maior dedicação a ela?
2) A formação dos alunos pode estar restrita a uma preparação para os testes de conhecimento?
3) Até que ponto tais exames retratam a qualidade dos professores e do ensino? Será que as avaliações conseguem dar conta da complexidade do fenômeno educacional?
4) Que tal uma ampla campanha em prol da valorização incondicional do profissional da educação pública? Isso inclui uma revisão de planos de carreira e não simples gratificações.
sábado, 22 de março de 2008
Lula, FHC e o IGF
A proposta de reforma tributária enviada pelo governo ao Congresso Nacional inclui a criação do já citado neste blog há alguns meses Imposto sobre Grandes Fortunas. É um imposto previsto na Constituição Federal, mas que ainda não foi criado desde a promulgação da Constituição em 1988. Várias tentativas foram feitas, inclusive um projeto de lei de Fernando Henrique Cardoso da época em que foi senador.
Nesta semana, o ex-presidente FHC comentou que não é mais favorável à criação do referido imposto, já que considera que os donos de grandes fortunas conseguiriam se livrar do seu pagamento enviando parte de seu patrimônio a países conhecidos como "paraísos fiscais". Para ele, o ideal seria, como também já proposto pelo senador Cristovam Buarque quando candidato a presidente, um rigoroso Imposto sobre Herança.
Debate interessante!
Nesta semana, o ex-presidente FHC comentou que não é mais favorável à criação do referido imposto, já que considera que os donos de grandes fortunas conseguiriam se livrar do seu pagamento enviando parte de seu patrimônio a países conhecidos como "paraísos fiscais". Para ele, o ideal seria, como também já proposto pelo senador Cristovam Buarque quando candidato a presidente, um rigoroso Imposto sobre Herança.
Debate interessante!
Caos no trânsito de São Paulo
O trânsito da cidade de São Paulo está cada dia mais insuportável. Em ano de eleição, talvez este tema seja um dos principais a serem colocados em pauta pelos candidatos. É verdade que não pode ser um tema predominante, em detrimento de outros, tais como saúde, educação, políticas públicas, segurança ou saneamento básico. Mas passar horas todo dia no trânsito prejudica a vida de todos os paulistanos.
A vereadora Soninha, pré-candidata à prefeitura pelo PPS, pronunciou-se de maneira muito lúcida sobre este tema, elogiando algumas medidas já tomadas nas últimas duas gestões e propondo novas. São trechos de uma entrevista que ela deu nesta semana:
"É preciso melhorar o modo como a cidade é ocupada. Hoje você tem um número de viagens forçadas que é inadministrável. O melhor sistema de transporte do mundo não dá conta desse êxodo diário de quem precisa sair dos bairros que são quase dormitórios ou das cidades da região metropolitana para vir trabalhar na região central da cidade. É preciso melhorar essa distribuição de gente e de trabalho no território. Ou seja, trazer mais gente para morar na região central. Pode parecer que não tem espaço, mas quando você treina o olho, você descobre que tem espaço. Tem terreno subaproveitado, e prédio deteriorado. E é preciso criar trabalho, investir no desenvolvimento das regiões mais afastadas do centro também."
"A Marta fez um trabalho muito bom na área de transporte. O bilhete único é uma revolução, combinado com a criação de mais corredores e terminais. O corredor, como foi implantado na gestão Marta, não é só uma pista segregada, mas uma nova filosofia de integração das linhas. Tem as linhas alimentadoras, que fazem o percurso dos bairros e trazem as pessoas para os terminais, onde existe a linha-tronco que pega o corredor e vai para o centro. Isso é possível com o bilhete único. As pessoas não vão ficar trocando de ônibus se tiver que pagar R$ 2,30 cada vez que embarcam. A combinação das duas coisas é sensacional."
"Faltou racionalizar melhor as linhas, os trajetos. Hoje em dia você tem congestionamento no corredor de ônibus, tem ônibus demais. Parece que a solução para o transporte coletivo é ter mais ônibus. A solução, em alguns lugares, é ter menos ônibus, para ele ter mais partidas e andar mais rápido."
"O investimento em circulação de pedestres é muito deficiente. Segundo as últimas pesquisas de origem e destino, um terço das viagens em São Paulo é feita a pé. E os pedestres são muito maltratados. Pensa na vida de um pedestre que quer ir de um lado para o outro da marginal para pegar um trem. É infernal. Muitas coisas foram deixadas de lado. A integração melhor de carros com o sistema coletivo. Você que quer ir de carro até a estação de metrô tem a maior dificuldade para parar. Política de estacionamento avançou muito pouco. As pessoas deixaram de estudar melhor mais restrições ao automóvel, que os técnicos defendem há muito tempo, e os políticos não querem nem pensar em falar, porque é impopular. Mas você está falando de um espaço que é escasso, se é escasso é caro, então, você tem que ocupar esse espaço da melhor maneira possível. O espaço público que o automóvel ocupa é irracional e injusto. É uma pessoa ocupando um espaço imenso."
A vereadora Soninha, pré-candidata à prefeitura pelo PPS, pronunciou-se de maneira muito lúcida sobre este tema, elogiando algumas medidas já tomadas nas últimas duas gestões e propondo novas. São trechos de uma entrevista que ela deu nesta semana:
"É preciso melhorar o modo como a cidade é ocupada. Hoje você tem um número de viagens forçadas que é inadministrável. O melhor sistema de transporte do mundo não dá conta desse êxodo diário de quem precisa sair dos bairros que são quase dormitórios ou das cidades da região metropolitana para vir trabalhar na região central da cidade. É preciso melhorar essa distribuição de gente e de trabalho no território. Ou seja, trazer mais gente para morar na região central. Pode parecer que não tem espaço, mas quando você treina o olho, você descobre que tem espaço. Tem terreno subaproveitado, e prédio deteriorado. E é preciso criar trabalho, investir no desenvolvimento das regiões mais afastadas do centro também."
"A Marta fez um trabalho muito bom na área de transporte. O bilhete único é uma revolução, combinado com a criação de mais corredores e terminais. O corredor, como foi implantado na gestão Marta, não é só uma pista segregada, mas uma nova filosofia de integração das linhas. Tem as linhas alimentadoras, que fazem o percurso dos bairros e trazem as pessoas para os terminais, onde existe a linha-tronco que pega o corredor e vai para o centro. Isso é possível com o bilhete único. As pessoas não vão ficar trocando de ônibus se tiver que pagar R$ 2,30 cada vez que embarcam. A combinação das duas coisas é sensacional."
"Faltou racionalizar melhor as linhas, os trajetos. Hoje em dia você tem congestionamento no corredor de ônibus, tem ônibus demais. Parece que a solução para o transporte coletivo é ter mais ônibus. A solução, em alguns lugares, é ter menos ônibus, para ele ter mais partidas e andar mais rápido."
"O investimento em circulação de pedestres é muito deficiente. Segundo as últimas pesquisas de origem e destino, um terço das viagens em São Paulo é feita a pé. E os pedestres são muito maltratados. Pensa na vida de um pedestre que quer ir de um lado para o outro da marginal para pegar um trem. É infernal. Muitas coisas foram deixadas de lado. A integração melhor de carros com o sistema coletivo. Você que quer ir de carro até a estação de metrô tem a maior dificuldade para parar. Política de estacionamento avançou muito pouco. As pessoas deixaram de estudar melhor mais restrições ao automóvel, que os técnicos defendem há muito tempo, e os políticos não querem nem pensar em falar, porque é impopular. Mas você está falando de um espaço que é escasso, se é escasso é caro, então, você tem que ocupar esse espaço da melhor maneira possível. O espaço público que o automóvel ocupa é irracional e injusto. É uma pessoa ocupando um espaço imenso."
terça-feira, 18 de março de 2008
Guerra Fria e Carosone
Encontrei no Youtube este vídeo de 1958. É de um conjunto napolitano liderado por Renato Carosone que foi muito popular na época. É o auge da Guerra Fria e os EUA buscam manter sua influência nos países ocidentais. Carosone vê um italiano que começa a agir como americano...
quinta-feira, 13 de março de 2008
Para fazer em São Paulo
Tudo bem que os dias e horários não são dos mais convidativos, mas vale a pena conferir a peça "Nos Campos de Piratiniga". É no Teatro Maria Della Costa, Rua Paim, 72, Bela Vista. Às segundas e terças-feiras, às 20 horas.
Conta a história da cidade de São Paulo através do futebol, de uma maneira bastante interessante e dando destaque para as primeiras décadas do século XX. Aqueles que forem com camiseta de algum time ganha desconto no ingresso.
Na foto, vemos a seleção paulista de 1959, antes de um jogo contra a seleção pernambucana. Em pé: Zito, Olavo, Formiga, Getúlio, Zé Carlos e Gilmar. Agachados: Julinho, Pelé, Servílio, Chinesinho e Pepe. Percebe-se que o jogo é no Pacaembu por causa da concha acústica.
Conta a história da cidade de São Paulo através do futebol, de uma maneira bastante interessante e dando destaque para as primeiras décadas do século XX. Aqueles que forem com camiseta de algum time ganha desconto no ingresso.
Na foto, vemos a seleção paulista de 1959, antes de um jogo contra a seleção pernambucana. Em pé: Zito, Olavo, Formiga, Getúlio, Zé Carlos e Gilmar. Agachados: Julinho, Pelé, Servílio, Chinesinho e Pepe. Percebe-se que o jogo é no Pacaembu por causa da concha acústica.
sábado, 8 de março de 2008
Conflitos na América Latina e Lula na favela
É possível associar o lançamento do PAC das favelas pelo presidente Lula nesta semana aos conflitos diplomáticos dos últimos dias entre Colômbia, Venezuela e Equador, que, ao que parece, já esfriaram.
Em seu novo livro, "Globalização, Democracia e Terrorismo", Eric Hobsbawm defende que nos últimos anos grandes transformações históricas estão ocorrendo, e todas ela têm como base principal o declínio do poder dos Estados Nacionais, em relação ao do período da Guerra Fria. Hoje, em muitos países, o Estado não mais detém o monopólio da força armada. Aumenta-se o número de conflitos internos em alguns países, e também as interferências de nações mais poderosas nos assuntos de outros países. Um dos motivos apontados é o acesso de grupos privados a armamentos, possibilitado pela febre armamentista da Guerra Fria e pela globalização baseada em empresas transnacionais privadas que se esforçam para se manter fora do controle estatal.
Podemos enxergar esse novo cenário na questão das Farc. O presidente colombiano em primeiro momento admitiu a interferência de Hugo Chavez e, mais tarde, parece ter se arrependido. Mostra-se um pouco perdido e enfraquecido no meio de um problema de tão difícil solução.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o lançamento de um programa de urbanização de algumas favelas do Rio tem que passar pela autorização dos chefes locais - leia-se traficantes.
Em seu novo livro, "Globalização, Democracia e Terrorismo", Eric Hobsbawm defende que nos últimos anos grandes transformações históricas estão ocorrendo, e todas ela têm como base principal o declínio do poder dos Estados Nacionais, em relação ao do período da Guerra Fria. Hoje, em muitos países, o Estado não mais detém o monopólio da força armada. Aumenta-se o número de conflitos internos em alguns países, e também as interferências de nações mais poderosas nos assuntos de outros países. Um dos motivos apontados é o acesso de grupos privados a armamentos, possibilitado pela febre armamentista da Guerra Fria e pela globalização baseada em empresas transnacionais privadas que se esforçam para se manter fora do controle estatal.
Podemos enxergar esse novo cenário na questão das Farc. O presidente colombiano em primeiro momento admitiu a interferência de Hugo Chavez e, mais tarde, parece ter se arrependido. Mostra-se um pouco perdido e enfraquecido no meio de um problema de tão difícil solução.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o lançamento de um programa de urbanização de algumas favelas do Rio tem que passar pela autorização dos chefes locais - leia-se traficantes.
sexta-feira, 7 de março de 2008
terça-feira, 4 de março de 2008
Quando começa a vida?'
Antes de falarmos da tensão Colômbia-Venezuela-Equador, vamos lembrar que nesta semana o STF fará um julgamento histórico a respeito da validade das pesquisas com células-tronco no Brasil.
Argumentos científicos e religiosos estão sendo levantados e, certamente, haverá grandes divergências entre os 11 ministros. Igreja e comunidade científica estão em lados opostos nessa batalha.
O artigo 5º da Lei de Biossegurança de 2005 permitiu a pesquisa com células-tronco de embriões fertilizados "in vitro" e descartados. Mas o ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles moveu uma Ação Direta de Inconstitucionalidade alegando que o direito à vida é inviolável e que, no caso, estaria sendo lesionado, já que defende a tese de que os embriões já têm vida, a qual começaria na concepção.
A importância do julgamento reside no fato de que, de acordo com as teses religiosas, haveria o risco de o STF abrir caminho para que no futuro novas formas de aborto sejam criadas -ou que o próprio aborto seja legalizado, além do que a manipulação e sacrifício de seres humanos embrionários seriam um passo para a clonagem e produção laboratoriais de seres humanos
Por outro lado, o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas visando tratamento e recuperação de pessoas com doenças graves é também uma atitude em defesa da vida. Afinal, tendo a lei de Biossegurança colocado todas as restrições para o desenvolvimento seguro das pesquisas, não haveria quaisquer problemas em sua continuidade.
Acompanhemos com atenção.
Argumentos científicos e religiosos estão sendo levantados e, certamente, haverá grandes divergências entre os 11 ministros. Igreja e comunidade científica estão em lados opostos nessa batalha.
O artigo 5º da Lei de Biossegurança de 2005 permitiu a pesquisa com células-tronco de embriões fertilizados "in vitro" e descartados. Mas o ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles moveu uma Ação Direta de Inconstitucionalidade alegando que o direito à vida é inviolável e que, no caso, estaria sendo lesionado, já que defende a tese de que os embriões já têm vida, a qual começaria na concepção.
A importância do julgamento reside no fato de que, de acordo com as teses religiosas, haveria o risco de o STF abrir caminho para que no futuro novas formas de aborto sejam criadas -ou que o próprio aborto seja legalizado, além do que a manipulação e sacrifício de seres humanos embrionários seriam um passo para a clonagem e produção laboratoriais de seres humanos
Por outro lado, o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas visando tratamento e recuperação de pessoas com doenças graves é também uma atitude em defesa da vida. Afinal, tendo a lei de Biossegurança colocado todas as restrições para o desenvolvimento seguro das pesquisas, não haveria quaisquer problemas em sua continuidade.
Acompanhemos com atenção.
segunda-feira, 3 de março de 2008
Cinema e Sociedade
Muito se falou nos últimos meses a respeito do filme de José Padilha "Tropa de Elite". Realmente um grande filme. Tema e roteiro interessantes, boas atuações, e efeitos cinematográficos de "primeiro mundo". Só que outros filmes recentemente produzidos no Brasil atingiram o mesmo nível de excelência, ou até um nível superior. É o caso de "Cinema, Aspirinas e Urubus", "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" ou "Cheiro do Ralo", os quais não devem absolutamente nada ao filme que acabou vencedor no festival de Berlim.
Mas, sendo assim, por que "Tropa de Elite" provocou tamanha repercussão e tantos debates? Talvez por falar, como "Cidade de Deus", outro ótimo filme recente, de um problema social gravíssimo que afeta a todos os brasileiros: o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Ou talvez por ter dado ao problema um enfoque diferente e polêmico.
As idéia mais impactantes colocadas em pauta após o filme são que a culpa dos problemas decorrentes do crime organizado é, primeiramente, dos jovens de classe média consumidores da droga e, além disso, que somente uma polícia de elite, incorruptível e muito preparada como o Bope pode ajudar a combater o tráfico, já que a polícia convencional não consegue dar conta.
É verdade que tais idéias não são postas sem que haja uma problematização no filme. Mas a leitura que a opinião pública parece ter feito foi extremamente simplificadora. E o filme pode, ainda que sem querer, ajudar a popularizar certas visões ultrapassadas sobre a questão social no Brasil como: "na favela só tem bandido", "bandido bom é bandido morto", "tem que matar mesmo, só assim resolve", "defensores dos direitos humanos são amigos dos criminosos", entre outras. Ou seja, não se deve assistir a "Tropa de Elite" sem que se assista a "Cidade de Deus", pelo menos, e sem que se faça uma reflexão séria e aprofundada a respeito do assunto.
Para se ter uma idéia, um deputado do Rio de Janeiro resolveu fazer um projeto de lei que faria da caveira do Bope um patrimônio cultural da cidade!!! Sem comentários.
Prefiro ficar com "O Ano..." mesmo
Mas, sendo assim, por que "Tropa de Elite" provocou tamanha repercussão e tantos debates? Talvez por falar, como "Cidade de Deus", outro ótimo filme recente, de um problema social gravíssimo que afeta a todos os brasileiros: o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Ou talvez por ter dado ao problema um enfoque diferente e polêmico.
As idéia mais impactantes colocadas em pauta após o filme são que a culpa dos problemas decorrentes do crime organizado é, primeiramente, dos jovens de classe média consumidores da droga e, além disso, que somente uma polícia de elite, incorruptível e muito preparada como o Bope pode ajudar a combater o tráfico, já que a polícia convencional não consegue dar conta.
É verdade que tais idéias não são postas sem que haja uma problematização no filme. Mas a leitura que a opinião pública parece ter feito foi extremamente simplificadora. E o filme pode, ainda que sem querer, ajudar a popularizar certas visões ultrapassadas sobre a questão social no Brasil como: "na favela só tem bandido", "bandido bom é bandido morto", "tem que matar mesmo, só assim resolve", "defensores dos direitos humanos são amigos dos criminosos", entre outras. Ou seja, não se deve assistir a "Tropa de Elite" sem que se assista a "Cidade de Deus", pelo menos, e sem que se faça uma reflexão séria e aprofundada a respeito do assunto.
Para se ter uma idéia, um deputado do Rio de Janeiro resolveu fazer um projeto de lei que faria da caveira do Bope um patrimônio cultural da cidade!!! Sem comentários.
Prefiro ficar com "O Ano..." mesmo
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