domingo, 17 de maio de 2009

Fracasso das reformas em educação

Antonio Viñao Frago é Catedrático de Teoria e História da Educação na Faculdade de Educação da Universidade de Múrcia. Uma de suas principais linhas de pesquisa é a análise das políticas e reformas educativas nas suas relações com as culturas escolares.

Segundo a lúcida análise do autor, o grande problema das reformas educativas é o fato de que elas são a-históricas e são concebidas sem levar em conta as culturas escolares - o conjunto de normas, hábitos, práticas, mentalidades e comportamentos existentes na instituição escolar. As reformas, postas de cima para baixo, sem considerar as especificidades de cada cotidiano escolar, não funcionam.

Daí a dificuldade de se implantar certas reformas no ensino público. Daí a dificuldade em se instalar a progressão continuada. Daí a dificuldade em se abandonar a alfabetização por cartilhas. Daí a dificuldade em mudar o currículo do Ensino Médio, e torná-lo menos conteudista. Daí a dificuldade em se ensinar atualmente tabuada e contas de divisão.

Acontece que o professor não está preparado para elaborar e dar conta de todas as informações que chegam até ele. As teorias pedagógicas mais modernas, as pressões de reformas vindas do Estado, as mudanças rápidas na tecnologia e nos valores - tudo isso confunde a cabeça do educador. Se confunde a do educador, imagine a dos alunos. O problema é que ninguém esclarece nada.

5 comentários:

Valmir disse...

Farei um comentário acrítico (não acrescenta nada. mas aqui é a nossa ágora :-) Esse post me fez lembrar que quando eu estava na segunda série, tínhamos que decorar a tabuada e havia chamada oral. Enquanto todos sabiam tudo decorado, eu sempre contava nos dedos. Até hoje eu tenho que parar pra pensar quando tenho que multiplicar algo.
Na quinta série, tínhamos que escrever no caderno a conjugação de váááários verbos em todos tempos verbais. Aí que eu cheguei pra professora e falei que não sabia fazer. Como desenvolver a partir de uma teoria a conjugação verbal? Ela não me respondeu (e ela era boa, viu! A Rosimara). Aí que, sem saber fazer não fiz e tirei zero (não sabia da onde partir). Os demais só copiaram do livro e tiraram 10.
Já na faculdade tive que decorar vários nomes de todas partinhas do corpo humano e é lógico que tive que fazer prova de recuperação. Para mim era angustiante ter que saber o nome de tudo (se bem que isso deve ser igual em qualquer sistema de ensino - apenas um chute!).

Anônimo disse...

eu sou a favor da volta do método silábico das cartilhas na alfabetização
muitos países já tomaram partido pelo método silábico, entre eles inglaterra, canadá e frança
só o brasil mantém nos pcns essa história de construtivismo

Valmir disse...

Mas por que, anônimo, você é a favor? (a pergunta é de curiosidade mesmo!). É que penso nos alunos que precisam, sentem a necessidade de algo a mais. Aí que só decorar não só os desistimulariam como também os angustiariam (essa é uma visão bem pessoal de quem passou por isso - sei lá se é aplicável a todos). Perderiam o interesse pelo ensino.
Imagino que nesses países que você citou qualquer método funcionaria, porque até onde sei, salvo exceções, nesses países a educação é de fato levada a sério (na verdade, não sei como ocorreram essas mudanças lá; sei também que se fala da crise do sistema de ensino por lá tb - França e Inglaterra, pelo menos - mas não se compara a daqui).
É indiscutível que há algumas décadas a escola pública, ainda que com o método tradidional, era boa. Não mudou o método e começou a piorar. Depois que mudaram o método (Corrijam-me se estiver errado), mas aí já estava tudo cagado. Ou seja, ACREDITO que a questão central é mais levar a coisa a sério (seja com o método tradidional ou o construtivista, as pessoas têm que saber o que estão fazendo). Tem que ter alguém bom coordenando tudo isso...

Anônimo disse...

eh.. vc tb tem razão,
para eu me explicar melhor pq sou a favor...
o problema é que para ensinar sem ser pelo método tradicional haveria necessidade de muito conhecimento e preparo, cursos extras, e afins, coisa que os professores hoje não têm. então fica ainda mais difícil para que o ensino seja eficiente. às vezes então seria mais fácil usar o método tradicional que todo mundo já conhece, para garantir, e esperar que um dia seja feita uma verdadeira revolução na carreira docente.

Valmir disse...

Ahhh sim... por esse prisma vc tem bem mais razão ;-)
Obrigado pelas explicações :-)