A terceira rodada reservou algumas zebras. Algumas seleções de tradição ficaram de fora da Copa, mas já não se esperava muito de Itália e França nesse ano. Da Itália ainda se previa a classificação para as oitavas, mas da França, nem isso. A grande zebra mesmo veio do grupo da Holanda, com a classificação do Japão no lugar de Dinamarca e Camarões. Nas oitavas-de-final, muitos confrontos interessantes. Chamou atenção também o fato de que pela primeira vez na História os anfitriões não se classificaram. Outro dado interessante é que teremos seis europeus na fase de oitavas, mas pelo cruzamento surge outro dado histórico interessante, já que teremos somente três europeus entre os oito melhores - vale ressaltar que a proporção de países europeus na Copa nunca foi tão baixa.
O Uruguai fez uma ótima primeira fase. Tem uma defesa boa comandada por Lugano, um meio-campo que marca muito e cria pouco, e pelo menos dois atacantes de muita qualidade (Forlán e Suarez). Acabou resolvendo o problema de criação trazendo Forlán para o meio, numa boa aposta do treinador. Sua adversária Coréia até agora jogou fechada, num 4-5-1, e saindo em velocidade no contra-ataque. Ao que parece, classificou-se por estar num grupo não tão forte, e por ter encontrado uma Nigéria de pouca inspiração ofensiva.
A Argentina terminou a primeira fase com a melhor campanha e tem boas chances contra o México, ao menos em tese. Acontece que o time mexicano não está morto, e tem jogadores com velocidade para explorar as deficiências portenhas pelos lados do campo. Mascherano terá trabalho para cobrir as laterais, que devem ser ocupadas pelos bons laterais mexicanos Osorio e Salcido, além de Giovani dos Santos, um habilidoso ponta. A vantagem da Argentina é a presença de Messi e seus companheiros de frente. Talvez seja um jogo de muitos gols, pelas características ofensivas das duas equipes.
Nos confrontos dos cruzamentos dos grupos C e D, encontraremos uma equipe norte-americana com muita empolgação, por ter conquistado com justiça o primeiro lugar de seu grupo, embora apenas nos acréscimos do jogo contra a Argélia. Os EUA jogam num esquema 4-4-2 inglês, com duas linhas. Tem um bom goleiro, uma boa dupla de zaga, um bom volante (Bradley) e um meia de qualidade (Donovan). Faltam definidores no ataque. Seu adversário, Gana, deu muita sorte até aqui. Beneficiado pelos outros resultados de um grupo muito equilibrado, e por dois pênalties que sérvios e australianos cometeram - os únicos gols de Gana até aqui saíram de pênalti. De resto, o time sente muito a ausência de Essien, mas tem dois bons valores no meio-campo: Boateng e Ayew. A defesa é sólida e levou somente dois gols até aqui. Ainda assim, ligeiro favoritismo para os americanos.
Inglaterra e Alemanha farão o maior clássico da segunda fase, e talvez um dos maiores da Copa. Os ingleses têm um ótimo elenco, mas vivem um momento péssimo em termos de condição física. Ficou claro que não tiveram fôlego para atacar seus três adversários da primeira fase no segundo tempo, o que nos faz crer que não aguentarão uma prorrogação daqui para frente. Lógico que a qualidade técnica de Gerrard, Lampard e Rooney é superior à de praticamente todas as equipes, mas a condição física atrapalha. Os alemães entrarão novamente com seu esquema 4-2-3-1, mas podem sentir a falta de um dos organizadores de jogo, já que Schweinsteiger é dúvida. Partida indefinida. Vale lembrar que desde 1938 a Alemanha sempre passa no mínimo às quartas-de-final.
O Japão surpreendeu a todos. Com dois gols de falta no primeiro tempo, superou a equipe da Dinamarca, mais técnica, mas que não teve pernas para correr atrás do resultado. Agora enfrenta o Paraguai, equipe regular que joga num esquema de duas linhas de quatro e que tem uma de suas principais jogadas na descida do lateral-esquerdo Morel Rodriguez. O Japão deve jogar de igual para igual, já que melhorou muito defensivamente de uns anos para cá. Está com uma boa dupla de zaga e aposta nos contra-ataques ou nas bolas paradas. Outro jogo equilibrado.
A Holanda está sobrando até agora na Copa. Faz boas jogadas de meio-campo e bons chutes de longe, e tem um grande repertório ofensivo. Ainda não se sabe ao certo se sua defesa está à altura. Mas deve ser suficiente para vencer a boa Eslováquia, agora único representante do futebol do leste europeu. Os eslovacos venceram os italianos, numa das partidas mais emocionantes da Copa. Souberam marcar bem, e Hamski apareceu mais para o jogo. Tiveram um pouco de sorte também, mas mereceram a vaga. A Itália pagou o preço de apostar demais na camisa e não conseguiu montar uma equipe competitiva, com opções mais diversificadas de jogo.
Por fim, Brasil e Chile farão outro ótimo duelo latino-americano. Uma das surpresas da Copa pelo futebol vistoso e ofensivo, o Chile tem time para bater o Brasil. Tem muitas opções ofensivas, e uma boa zaga, mas que é pouco ajudada pelo meio-campo. Mesmo assim, talvez a camisa "pese" e o Brasil se imponha, apesar das deficiências no ataque. Os suíços acabaram de fora, até pela incompetência ofensiva, já que se manteriam no confronto se tivessem feito dois gols em Honduras. Mas isso seria injusto aos chilenos.
Espanhóis e portugueses farão outro duelo europeu, como muitos já aguardavam. Os espanhóis tem mais qualidade no elenco e mais opções de jogo, mas o time português sabe se defender bem e não tomou nenhum gol até aqui. O técnico português montou bem a equipe, congestionando o meio-campo e, até aqui, jogando de acordo com o adversário. A Espanha tem mais time, mas Portugal não vai deixá-la jogar. Outro confronto equilibrado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário