sexta-feira, 6 de março de 2009

Aborto e excomunhão

Difícil não se manifestar a respeito das atitudes do arcebispo de Olinda e Recife, que excomungou imediatamente a equipe médica que praticou um aborto em uma menina de 9 anos que havia sido anteriormente estuprada pelo padrasto. Também a mãe da menina foi excomungada.

Cumpre salientar que a lei brasileira permite o aborto em casos como este. Nada mais correto.

No entanto, a Igreja é contra o aborto e a excomunhão seria a atitude a ser tomada segundo o Direito Canônico nestes casos. Questão a ser revista pelos teólogos. De qualquer modo, não havia necessidade de agir desta maneira em um caso tão complicado, o que nos faz pensar que o clérigo só fez isso para "aparecer". Não há outra explicação.

Ocorre que a Igreja deveria começar a planejar o Concílio Vaticano Terceiro logo, e mudar alguns dogmas ultrapassados.

6 comentários:

Camila Rodrigues disse...

Em relação à instituição Igreja Católica, penso sempre na expressão "mais do mesmo", porque desde o século XVI, de repente, alguém percebe que a Igreja não acompanha o ritmo do mundo... mas alguns séculos se passaram desde então e é de se espantar quando vemos que tudo continua na mesma...Sobre este caso, eu me pergunto o que esta excomunhão representa para a menina e a sua mãe. À conclusão que chego é parecida com a sua: Trata-se de um jogo institucional arbitrário e nojento. Bom, às vésperas do Dia Internacional da mulher, prefiro parar de comentar por aqui...

Unknown disse...

O que se esperar da igreja comandada por um papa como este, que ajudou os nazistas. Desde João Paulo II que a Igreja vem regredindo a olhos vistos, veja teologia da libertação, Leonardo Boff, posição contra homosexuais, chegaram até a esconder os escandalos dos padres pedofilos. Uma vergonha!!! O mundo segue para frente e a igreja para trás. Farei um post sobre isso também.

Anônimo disse...

Atualmente, só me surpreenderia com a volta de Cristo.
Olha o diálogo que surgiu dessa manchete:

Eu: Vc viu o caso da excomunhão?
Pessoa católica praticante (da minha família): Vi, sim.
Eu: E é assim mesmo que tem que ser?
PCP: Claro que não. Isso está errado. Ninguém pode julgar as pessoas assim.
Agora já o pedófilo deveria ser preso e capado.
Eu: Tipo, olho por olho e dente por dente?
PCP: Não. Mas o que ele fez é nojento. Ele deveria ser impedido de fazer isso novamente.
Eu: Isso não é um julgamento?

De maneira alguma faço aqui uma apologia à pedofilia ou ao estupro e nem entro na questão das leis e o que tem que ser feito contra os infratores. Por outro lado, nunca consegui entender a religião católica (fui educado nessa religião - fiz dois anos de catecismo e um de perseverança). Fala-se muito do amor ao próximo ("Amai-vos uns aos outros como eu vos amei"), mas então começam a especificar quem são esses outros e aí que começa o que não entendo. Se somos todos iguais perante os olhos de Deus(?), por que "uns são mais iguais que os outros"? Como é possível fazer essa hierarquia de pessoas? No caso, a equipe que aborta está mais próxima do inferno que o estuprador pedófilo.
Às vezes eu me divirto a pensar qual a atual distância entre mim e o inferno sob o olhar da Igreja.

Anônimo disse...

Continuando...
Eu nunca entendi também uma outra coisa: Se Deus é esse ser todo poderoso que tudo vê e não sei mais o quê é atribuído a ele, então ainda assim há a necessidade de um pré-julgamento papal para facilitar a vida celestial dele?
E o papa? Tudo vê também?
Essa possibilidade me deixou até um pouco corado.

Anônimo disse...

é uma história da tradição judaica que tem a ver com o caso:

"Uma viúva pobre havia recebido uma galinha de presente. Mesmo faminta, a mulher era muito religiosa. Então, preocupada em saber se o animal havia sido abatido conforme as leis hebraicas – porque apenas se o fosse poderia ser consumido – levou-o ao rabino. Esse pediu que a mulher esperasse na porta e levou a galinha para sua biblioteca. Lá, examinou os livros que tratavam da questão. O caso era difícil, mas o rabino, após escrutinar atentamente os livros e a galinha, concluiu que o animal infelizmente fora corretamente abatido e, portanto, não poderia ser consumido. Pediu, então, à sua esposa que levasse o animal à mulher e lhe dissesse o veredicto (talvez sem coragem de fazê-lo pessoalmente). A esposa foi e disse à viúva: "está próprio para o consumo." A mulher pobre saiu contente e pôde alimentar seus filhos e a si própria.

O rabino perguntou à sua esposa por que ela havia dito o contrário do que ele decidira. A resposta da esposa:

-Simples. Você olhou a galinha, olhou os livros, olhou a galinha, olhou os livros e disse que não podia. Eu olhei a mulher, olhei a galinha, olhei a mulher, olhei a galinha e disse que podia."

Anônimo disse...

Deu no NY Times: Europeus discutem a castração de criminosos sexuais
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/03/11/ult574u9215.jhtm