terça-feira, 3 de março de 2009

Ensino Superior e cotas



Realmente prefiro, quando trato de educação, falar sobre problemas e soluções para a Educação Básica. Dificilmente falo do Ensino Superior, já que ele, em comparação com os demais níveis de ensino, vai "bem, obrigado". Mas a discussão nos "media" sempre diz respeito às Universidades.

Ontem mesmo saiu uma notícia falando das alterações que acontecerão no vestibular da Fuvest. O que se percebe - já há algum tempo - é que o vestibular cada vez mais prioriza a cultura geral dos alunos e suas habilidades cognitivas, em detrimento de decorebas ou assuntos específicos. Ótimo! O problema é que logo aparecem os grandes especialistas no assunto dizendo se as mudanças serão melhores ou piores para os alunos de escola pública. Ora, as mudanças atingem a todos, e os alunos de escola pública continuam em desvantagem, já que recebem um ensino mais fraco. Esta é a questão a ser discutida - a qualidade do Ensino Básico, e não o acesso à Universidade.

Do mesmo jeito, nas próximas semanas, o Senado vai discutir uma lei que obriga todas as Universidades Federais a reservar 50 por cento das vagas a alunos de escola pública. Constam também na lei as chamadas cotas raciais para negros, índios e pardos, ainda que de modo meio confuso, pois as vagas para os negros seriam destinadas proporcionalmente ao número de habitantes negros do Estado, o que deve causar problema.

É certo que o ingresso no Ensino Superior deva ser feito pelo mérito, até para que o nível do Ensino se mantenha forte. No entanto, o que se viu há um tempo - e já começou a mudar - foi uma elitização enorme das Universidades Públicas, o que não pode ocorrer. Cotas sociais ou bônus para alunos de escola pública são maneiras de atenuar este problema e dão nova vida à Universidade. Não vou entrar nos detalhes, mas quem viveu anos de vida acadêmica e/ou trabalhou em projetos de ensino para alunos de escola pública sabe do que estou falando.

Do mesmo jeito que há anos defendo as cotas sociais, sou contra as raciais, já que caem no grave erro de separar racialmente a sociedade. Mais do que anti-racista, a sociedade, e, por extensão, as leis devem ser anti-racialistas. Mas isso é assunto para o Senado, e no futuro para o STF.

Um comentário:

Camila Rodrigues disse...

Caro Ale,
Muito bom esse seu post. Como você deve ter percebido no trato comigo e com minhas opiniões sobre educação, concordo plenamente com o que você colocou. Sobre a mudança nos grandes vestibulares, elas começaram a ser assumidas pela UNICAMP no último vestibular (você se lembra da prova que eu apliquei no colégio onde eu dava aula, que havia sido mais ou menos inspirada na forma esperada pelo processo seletivo da UNICAMP que eu te mostrei? Então... Estou pensando nessas mudanças faz tempo pois parece que a FUVEST já havia indicado desejo de seguir a mesma trilha...) Com isso as coisas estão mudando.
Mas concordo com você sobre a importância de atentar para o Ensino Fundamental, porque é só a partir dele que vamos construir o que deve objetivar uma universidade - antes de formar um profissional,formar um ser humano - e aí, com ela, a educação parece ser um projeto possível.
Sobre as cotas, eu também sou contra as raciais,e me parece que a FUVEST tem o projeto Inclusp (não sei se em atividade) que visa maior inclusão de alunos de escola pública, isso é uma coisa que, em princípio, parece boa! Mas não me sinto muito segura para ir além do "achômetro".
Abraço
Ca