quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Il Barbiere di Siviglia 1949

Para encerrar o ano, não poderia deixar de lembrar da tradição - viva Rossini

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Perspectivas para 2010 - Eleições

Apesar de contar com 72% de apovação, de acordo com pesquisa do Datafolha divulgada semana passada, Lula pode não conseguir eleger a candidata de sua confiança para sua sucessão. Isso talvez se explique pelo fato de Dilma Roussef ainda não ser uma figura muito conhecida, ou então pelo fato de o eleitor desejar uma alternância no poder. De qualquer maneira, caso não haja nenhuma reviravolta, o presidente em 2011 será José Serra. Resta saber no que isso muda alguma coisa.

De grande novidade, segundo alguns analistas, nessa eleição teremos as redes sociais da Internet. Orkut, Facebook, Twitter, Blogs, todos elas serão indispensáveis para a propaganda dos candidatos nesse ano, seguindo exemplo da última eleição americana. O que se espera mais uma vez é que as pessoas dêem mais valor ao Legislativo, buscando uma renovação necessária, até porque dois terços do Senado serão renovados nesse ano, o que é importantíssimo. Vamos analisar com muita calma as propostas dos candidatos e também o seu passado.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Perspectivas para 2010 - Futebol

Todo fim de ano colocamos aqui no blog três posts de costume. Um falando das perspectivas poíticas para o ano seguinte, um falando das perspectivas relacionadas ao futebol e, por fim, como é de se esperar, sempre algum com trechos do "Barbiere" de Rossini, já que fim de ano sem Rossini não dá. Quem entendeu, entendeu, Quem não entendeu, paciência.

Sobre futebol, podemos dizer que em 2010 o mais interessante será a Copa do Mundo, é lógico. Agora que já sabemos os grupos, cumpre observar que haverá um grande equilíbrio de forças, ainda mais porque o grupo mais forte será o do cabeça-de-chave mais fraco (África do Sul). Dos favoritos de sempre, vemos que Itália e Argentina estão em grupos fáceis, mas não têm caminho fácil para a final. Por outro lado, Brasil e Alemanha estão em grupos mais difíceis, porém têm um caminho mais fácil caso consigam terminar em primeiro. Atenção especial para Inglaterra e Espanha, que podem surpreender.

Em relação aos clubes brasileiros, 2010 será um ano em que as atenções estarão voltadas aos dois grandes clubes "da massa", ambos disputando Libertadores. Corinthians e Flamengo estão prometendo montar times fantásticos para vencer o torneio mais importante da América do Sul. O time de Parque São Jorge, então, está mais motivado ainda, por ser o ano do seu centenário.

Na Europa, mais uma vez a disputa será acirrada, sendo que pelo menos seis equipes são favoritas ao título principal, o da Champions League - Barcelona, Real, Inter, Milan, Chelsea e Manchester.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Mundial Interclubes

Assunto recorrente nas conversas sobre futebol é o chamado Mundial Interclubes. Nesse sábado, Barcelona e Estudiantes se enfrentaram pos mais uma edição do torneio, que já teve várias "caras".

Primeiramente, criou-se uma disputa entre o vencedor do torneio mais importante da Europa (a Copa dos Campeões, hoje chamada de Liga dos Campeões) e o vencedor do torneio mais importante da América do Sul (a Libertadores da América). De 1960 a 1979, essa disputa ocorria em jogos de ida e volta, às vezes com a necessidade de um jogo desempate. Acontece que em meados da década de 70 alguns clubes europeus abriram mão da disputa, por não a considerarem vantajosa.

A partir de 1980, alterou-se o formato. A partida seria em jogo único em um campo neutro no Japão, com o patrocínio da empresa de automóveis Toyota. Muitas pessoas, no entanto, não davam o crédito que o torneio merecia, por ele não ser organizado pela FIFA. Assim, a federação resolveu promover um novo formato em 2000, no Brasil, mas que não teve continuidade; e o torneio da Toyota permaneceu sendo considerado o verdadeiro Mundial. Em 2005, a FIFA resolveu se adaptar ao torneio que já existia e passou a fazer um torneio na mesma época do ano, só que incorporando os vencedores dos demais continentes à disputa. Foi uma boa solução, e hoje o Mundial de Clubes, em um formato parecido com a Copa das Confederações de seleções, tem o seu crédito. Interessante notar que até agora nenhuma equipe de outro continente chegou à final. Outro fato que chama atenção é que o favorito sempre vem da Europa, especialmente depois dos anos 90. Sendo assim, de um tempo para cá é lei: o time sul-americano nunca joga de igual para igual, e tenta vencer nos pênaltis (como em 2003), ou em algum lance isolado (como em 2005 e 2006)


O vídeo a seguir é uma raridade. Porto e Peñarol se enfrentaram em 1987, debaixo de neve. Era uma época em que se acordava de madrugada aqui no Brasil para assistir ao jogo mais importante do ano.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Copenhagen



1924: Werner Heisenberg, físico alemão, foi para Copenhague para viver e trabalhar como colaborador de outro físico mais velho e experiente, Niels Bohr, nos estudos de Física Quântica. Em três anos de trabalhos juntos, desenvolveram estudos revolucionários como o Princípio da Incerteza e a Teoria da Complementaridade.

1941: época da Segunda Guerra Mundial, com a Dinamarca sendo ocupada por nazistas. Bohr, de ascendência judaica, correndo perigo em Copenhague e não podendo realizar plenamente suas pesquisas. Heisenberg trabalhava para os alemães em estudos de energia nuclear. No entanto, apesar do acaso ter colocado os dois em lados antagônicos no conflito, e apesar dos riscos que ambos corriam, Heisenberg retornou a Copenhague para visitar Bohr, em Setembro daquele ano. Não se sabe até hoje o que conversaram durante esse encontro. A única coisa que se sabe é que, em algum momento, saíram da casa de Bohr para dar uma volta (talvez para não serem ouvidos por ninguém) e que, mais tarde, ambos voltaram extremamente ofendidos, após uma discussão. Daí em diante, nunca mais foram amigos.

Sobre esse encontro, Michael Frayn, dramaturgo contemporâneo, escreveu uma peça de rara qualidade. Sucesso mundial, virou filme e foi encenada no Brasil pela Companhia "Arte e Ciência" com brilhantismo. Afinal, o que aconteceu na primavera de 1941 em Copenhague, durante o encontro desses dois homens? Falavam sobre ciência ou sobre política? Falavam sobre a possibilidade da criação de uma bomba atômica? Talvez em Copenhague, na primavera de 1941, o destino de milhões de seres humanos poderia estar sendo decidido.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Aziz e Copenhague

Após um tempinho sem postar, voltamos para falar do assunto do momento - a conferência da Cúpula do Clima na Dinamarca. O objetivo central da conferência é reduzir as taxas de emissão de Gás Carbônico. No entanto, há muitas opiniões divergentes sobre as motivações e conseqüências futuras vindas dessa reunião.

Uma opinião no mínimo interessante e que certamente provocará discussões é a do geógrafo Aziz Ab'Saber, autoridade no assunto aqui no Brasil. Para o professor Ab'Saber, embora não se tenha como negar que a temperatura média aumentou, alguns cientistas não levam em conta os efeitos das ilhas de calor das cidades e culpam a emissão de gases, o que talvez não tenha produzido tamanho efeito.

Além disso, as conseqüências do aquecimento limitam-se ao aumento do degelo e do nível do mar, e não afetariam as florestas tropicais, como se diz atualmente. Por fim, segundo o professor, há que se considerar o histórico das mudanças climáticas no planeta em uma escala maior, tendo em vista que há em curso um aquecimento progressivo que já se estende por cerca de 12 mil anos independentemente da ação antrópica.



Com certeza, é uma opinião a ser discutida e levada em conta, apesar de sabermos da necessidade de uma ação conjunta e discussão ampla que procure amenizar os efeitos desastrosos da ação antrópica sobre o meio-ambiente.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quanto vale ou é por quilo?





Filme de Sergio Bianchi mostra as contradições dos projetos sociais em andamento no Brasil, sobretudo os oriundos do terceiro setor. Vale a pena alugar e conferir o filme todo.

domingo, 22 de novembro de 2009

120 anos de República!

Não dá para negar a importância do ano de 1989 na formação política dos brasileiros que vivenciaram aqueles acontecimentos. Comemoravam-se 100 anos de República no Brasil e todos estavam vivendo intensamente a eleição presidencial. A eleição de 1989 foi a primeira eleição direta para presidente desde 1960, após o período conturbado da Ditadura Militar. Eram mais de vinte candidatos, entre eles: Covas, Maluf, Lula, Brizola, Ulysses Guimarães, Enéas, Collor, Gabeira, Afif. Até Silvio Santos se aventurou, mas depois teve a candidatura impugnada. Relembremos alguns momentos daquela campanha.








Muita coisa mudou. Collor hoje é senador e faz parte da base aliada do atual presidente Lula. O PSDB de Mario Covas que apoiou Lula no segundo turno naquela ocasião hoje é o maior inimigo político do PT de Lula. Enéas, Brizola e Ulysses Guimarães já morreram. Silvio Santos desistiu da política. Gabeira, que na ocasião foi um dos menos votados, ano passado quase virou prefeito do Rio de Janeiro. Mas a eleição de 1989 foi sem dúvida a que mais marcou.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Novo Reitor

O Governador José Serra escolheu nesta semana o novo reitor da USP. Será João Grandino Rodas, professor da Faculdade de Direito. O Governador tem autonomia para escolher qualquer um dos três mais votados na eleição interna da Universidade. No entanto, o costume é o de se escolher sempre o mais votado. Dessa vez, foi diferente. Rodas terminou a eleição em segundo lugar, mas foi o preferido do governador por motivos políticos, já que Rodas tem boa relação com os tucanos. A última vez em que um reitor da USP não foi o mais votado na eleição interna foi quando Maluf escolheu o quarto colocado, em 1981.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Desaparecidos






Por favor, se alguém puder ajudar, essas duas crianças estão desaparecidas desde sábado à noite (dia 07/novembro). Seus nomes: Filipe (13 anos) e Gustavo (9 anos). Passem essa mensagem a todos que puderem. Obrigado.

sábado, 7 de novembro de 2009

Feliz Aniversário, Berlim !

Nesta quinta-feira, houve um show da MTV Europa, bem em frente ao famoso portão de Brandemburgo, aproveitando também para lembrar os vinte anos da queda do Muro de Berlim. Os irlandeses do U2 estavam lá, e fizeram uma apresentação emocionante.

Segue o vídeo do show, e também um trailer do filme "Adeus, Lênin", que trata do assunto da queda do Muro de uma maneira muito interessante. Falar da divisão da cidade de Berlim não é apenas falar da Guerra Fria ou do século XX, mas sim falar da condição humana.



segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Alienação parental

Está para ser aprovada no congresso uma lei que tipifica uma conduta que recentemente tem se tornado cada vez mais constante e comum: a chamada síndrome da alienação parental, ou simplesmente alienação parental.

Os pais se separam e começam a disputar a guarda dos filhos. Então, a mãe ou o pai (normalmente a mãe) manipula e condiciona os filhos para romperem os laços afetivos com o outro genitor, criando sentimentos de ansiedade e temor em relação ao ex-companheiro. Os casos mais freqüentes estão associados a situações onde a ruptura da vida em comum cria em um dos genitores uma grande tendência vingativa, engajando-se em uma cruzada difamatória para desmoralizar e desacreditar o ex-cônjuge e fazendo nascer no filho a raiva para com o outro. Esse tipo de comportamente está se tornando freqüente, e pode provocar sérios problemas futuros nos filhos e também no genitor que é vítima da alienação.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Festival no Playcenter

Para os que gostam de rock, acontecerá um festival no próximo dia 7 no Playcenter, em São Paulo. Algumas das melhores atrações serão Primal Scream e Sonic Youth. O problema é o preço salgado, como de costume.



domingo, 25 de outubro de 2009

Descaso

Na mesma semana em que observamos os já freqüentes conflitos nos morros do Rio de Janeiro, a Televisão transmitiu uma Audiência Pública ocorrida na Câmara dos Vereadores de São Paulo. A questão debatida era a respeito das políticas adotadas pela administração municipal com relação aos CEUs, projeto educacional originalmente criado no governo Marta e mantido pelos governos Serra e Kassab. A idéia original dos CEUs era a de criar em algumas regiões da periferia centros de educação que tivessem papel de escolas, e ao mesmo tempo dispusessem de uma infra-estrutura de lazer, recreação e cultura para os educandos, e para a comunidade em geral.

Representantes de diversos CEUs da capital estiveram na Audiência e, no geral, contaram o que já se sabe: faltam recursos e, principalmente, faltam profissionais de qualidade para atenderem à demanda. Por isso, o número de pessoas atendidas é muito pequeno em relação ao que se comportaria inicialmente. Não que se esperasse algo diferente, já que sabemos a dificuldade em se implantar projetos dessa grandiosidade. Muito se criticou inclusive a iniciativa do governo petista de lançar o projeto, pelos obstáculos na manutenção dessas áreas. Por outro lado, falta também uma vontade política em melhorar esse cenário. Vale dizer que o Secretário de Educação não foi à Audiência e mandou em seu lugar uma representante que se mostrou despreparada para responder às questões da população, e o fez inclusive em nítido tom de deboche.

Políticas públicas nas regiões de maior risco social que envolvessem a educação formal, juntamente com lazer, esportes, música, teatro, dança, circo, educação profissional - projetos que fossem de abrangência e qualidade - evitariam (ou pelo menos atenuariam consideravelmente) a necessidade de intervenções como as que vemos no Rio, cidade-sede das Olimpíadas de 2016. Ou não?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mais uma raridade futebolística

Domingo, 04 de dezembro de 1983. Estádio Comunale de Torino. Partida válida pelo primeiro turno do campeonato italiano, temporada 1983/1984. Um jogo espetacular. De um lado, Falcão, Bruno Conti, Pruzzo, Tancredi, Di Bartolomei, Toninho Cerezo. De outro, Scirea, Tacconi, Paolo Rossi, Platini, Cabrini. Aqui, selecionamos alguns trechos, com os quatro gols da partida, que terminou empatada. Podem-se ver um belo gol de Bruno Conti, um gol de falta de Platini e, no finalzinho, a maravilhosa jogada de Chierigo e o gol de Pruzzo. Um jogo para entrar na história. Naquele ano, a Juve foi campeã e a Roma foi vice. Narração de Alexandre Santos e comentários de Antero Greco

domingo, 18 de outubro de 2009

Vergonha em Campinas

Para continuar o assunto "educação", vamos comentar uma notícia que saiu esses dias nos jornais. Em uma escola estadual de Campinas, houve uma briga entre duas crianças de sete anos. O que os (ir)responsáveis fizeram? Chamaram a polícia. Vieram os PMs, e levaram uma das meninas para a delegacia. Não haveria um jeito menos traumático para resolver essa situação? Parece até piada, mas o triste é constatar que notícias como essa não são exceções. Para comprovar, é só entrar no blog de nossas colegas do EducaForum. Lá, elas estão sempre comentando notícias como essa. Vale a pena dar uma olhada, por exemplo, no dossiê sobre o esquema de desvio de verbas no ensino público de Araraquara. Pena que sites como esse, que denunciam os males da educação brasileira, são, isso sim, exceções. Defender uma valorização da profissão docente deve estar indissociado de uma melhoria na formação da categoria, caso contrário fatos como esses permanecerão.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia dos Professores?


Se a educação vai mal, isso ocorre muito por incompetência dos profissionais da educação, seja da área administrativa, seja das salas de aula. Fato. No entanto, como já falamos muitas vezes aqui, sabe-se que a profissão de professor no Brasil foi colocada em segundo plano já há algum tempo. Deveria haver um maior investimento nos salários dos professores, na sua formação técnica e também em seus planos de carreira. Mas chega de reclamar do governo.

Há também uma espécie de consenso geral na sociedade de que "virar professor é sinônimo de burrice ou fracasso". Afinal, se a pessoa teve o direito de escolher, foi burra de escolher uma profissão que não garante bons rendimentos. Ou então, só se vira professor quando se fracassa na profissão de origem, e então tenta-se a sorte na sala de aula. São visões que permanecem. Ainda falta muito para o professor voltar a ter reconhecimento da sociedade. Ou seja, não adianta apenas aumentar salários. O problema é mais complicado. Já me perguntaram muitas vezes: "Ah, você é professor... legal... mas, além disso, você também trabalha?"

domingo, 11 de outubro de 2009

Parque Michael Jackson

Alguns já ficaram sabendo da notícia mas aí vai. Uma proposta esdrúxula, e já rejeitada, feita pelo vereador Agnaldo Timóteo: mudar o nome do Parque do Ibirapuera para Parque Michael Jackson e mandar colocar uma estátua do cantor, para atrair turistas do mundo todo. Não bastasse isso, o vereador do PR queria também que a Sala São Paulo passasse a homenagear o cantor falecido recentemente, mudando de nome também. Sim, porque a Osesp costuma mesmo executar esse tipo de música. Sem comentários...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Final Copa de 90 - raridade

Não se fazem mais comentaristas de futebol como antigamente - ainda bem.

Recentemente encontrei um vídeo da final da Copa do Mundo de 1990 comentado por Juarez Soares, jornalista esportivo que, na época, estava na equipe da Rede Bandeirantes. Uma raridade que nos leva a diversas análises. Em primeiro lugar, o vídeo nos faz crer que houve uma evolução no jornalismo esportivo brasileiro, já que não há mais espaço para profissionais despreparados e enganadores no ramo. Vale a pena prestar atenção nas palavras do "China" após a partida final: uma "baboseira" só. Por sorte, discursos vazios e "sem pé nem cabeça", como o citado aqui, hoje tornaram-se exceções. Mas não é só a isso que o vídeo nos remete.

Nos próximos dias, serão definidas algumas vagas para a próxima Copa do Mundo. Há uma grande expectativa no mundo do futebol pelo resultado das partidas da Argentina, já que a situação da seleção treinada por Maradona não é nada confortável. Há alguns dias postei dizendo que os amantes do futebol torcerão pelo triunfo da Argentina, já que uma Copa sem Argentina perde muita qualidade. Escrevi também que essa história de que brasileiros e argentinos deveriam se odiar é mito, e criado recentemente. O vídeo a seguir talvez não esgote o assunto por si só, mas ajuda a comprovar essa teoria. Percebe-se nitidamente que a torcida dos brasileiros era pela vitória da Argentina. Assistindo o jogo todo, então, isso fica ainda mais claro. Interessante, já que o Brasil tinha sido eliminado pelo time de Maradona naquela ocasião.

De qualquer modo, a torcida era sempre pela América Latina. Essa era a regra geral. É só assistir a qualquer vídeo antigo de Copa do Mundo ou mesmo de final de Mundial Interclubes que tivesse argentinos em campo. Antes, a crônica esportiva brasileira era pró-argentina. De repente, mudou. Agora, os argentinos viraram nossos rivais - de uma hora para a outra - e todo brasileiro deve odiar argentino. Não se sabe por quê. Não se sabe por qual motivo querem alimentar esses antagonismos. Infelizmente, segue-se cegamente a maioria.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Coca-Colas...



Está circulando já há algum tempo na Internet um email a respeito da Coca-Cola Zero, dizendo que as pessoas não devem mais consumi-la, pois seria muito prejudicial à saúde. Apesar de ser um "spam", ao que tudo indica, o conteúdo da mensagem tem um certo embasamento. Vejamos.

Em primeiro lugar, é fato que a Coca Zero que é distribuída no Brasil contém ciclamato de sódio, um composto proibido nos Estados Unidos há cerca de 40 anos (outro fato), já que algumas pesquisas dos anos 60 indicaram que a ingestão desse composto poderia aumentar a probabilidade de ocorrência de certos tipos de câncer - o que não ficou completamente provado até hoje.

O que se sabe é que a Coca Zero comercializada nos Estados Unidos não contém ciclamato de sódio, diferentemente da vendida aqui e nos demais países na América Latina, já que o ciclamato é um composto de baixo custo. Sabe-se também que o governo venezuelano proibiu a comercialização de Coca Zero já há algumas semanas, logo que foram divulgadas essas informações.

De qualquer maneira, você que não é diabético e pode consumir açúcar sem maiores problemas, na hora de tomar refrigerante, peça uma Coca-Cola normal. O que vejo de gente pedindo Coca Zero para se achar na moda é brincadeira. Pior que ainda têm coragem de dizer que é mais gostoso...

domingo, 4 de outubro de 2009

Copa e Olímpiadas no Brasil

O Brasil continua sendo o país do futuro. Que bom! Pena que o futuro nunca chega. Agora está marcado para 2014 e 2016, anos de Copa e Olimpíada no país. Se tomarmos o Pan de 2007 do Rio como base para uma adivinhação do que vai acontecer nos próximos anos, não conseguiremos pensar em nada além de falta de planejamento e desvio de verbas.

O historiador Hilário Franco Junior deu uma entrevista ao Estadão justamente dizendo que no Brasil persiste há 500 anos uma "cultura do improviso". Ou seja, não se consegue planejar nada a longo prazo. Espera-se o problema, e depois tenta-se resolvê-lo com o que se tem. A análise que ele faz é de que essa "cultura" foi-nos legada pelos povos que formaram o país. Talvez seja uma análise simplista.

Para o historiador, os índios nunca precisaram se preocupar em organizar plantações com antecedência ou estocar comida, já que não enfrentavam seca ou inverno rigoroso. Os negros que aqui vieram eram prisioneiros e não podiam ter visão de longo prazo. Por fim, os portugueses passaram séculos em uma situação de lutas contra os muçulmanos e conviviam com fronteiras territoriais fluidas, o que fazia com que o improviso prevalecesse.

De qualquer maneira, mesmo já sabendo que essas coisas no Brasil não dão certo, os eventos acontecerão. A partir de agora então vamos tentar ser otimistas (sem ufanismo, claro) e começar uma discussão ampla (que envolva a todos) para que os Jogos e a Copa dêem certo, ou seja, façam com que essa "cultura do improviso" deixe de existir, façam com que se criem oportunidades para um desenvolvimento do esporte como política pública séria, tragam melhorias urbanísticas reais (e não de fachada), enfim, para que o futuro chegue.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Novo ENEM

Será neste fim-de-semana a aplicação da primeira prova do novo ENEM. Ao que tudo indica, apesar do aumento no número de questões, não será uma prova muito diferente do tipo de exame que já vinha sendo feito, e que sempre priorizou o raciocínio e a interpretação. Vamos apenas aguardar para saber se a prova desse ano será ou não mais complexa do que as anteriores.

De qualquer modo, alguns dizem que o fato de o ENEM se destacar cada vez mais como meio de se conseguir uma vaga no Ensino Superior público provocará mudanças nos currículos escolares. Difícil analisar as conseqüências práticas disso. Afinal, em teoria as mudanças são boas, mas na prática, não se sabe ao certo o que pode acontecer (ou não acontecer), como tem ocorrido com relação a outros projetos educacionais. Por exemplo, vejo que, em quase todas as escolas, públicas ou particulares, a implantação de Sociologia e Filosofia como matérias obrigatórias não deu certo, e as perspectivas não são boas.

domingo, 27 de setembro de 2009

Nova livraria na cidade


Boa nova. Está sendo inaugurada dia 8 de outubro, após cerca de dez anos de projetos, a nova livraria da Edusp. Será no prédio da antiga reitoria e seguirá o modelo das livrarias mais conceituadas de São Paulo, com espaço para café e palestras, além de exposições de obras de arte. O bom é que a livraria vai ficar aberta todo dia até nove horas da noite.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Xadrez e Guerra Fria

Está sendo realizada uma disputa comemorativa entre dois dos maiores enxadristas da História, Kasparov e Karpov, antigos campeões mundiais. É porque há 25 anos atrás ambos se enfrentaram pelo título mundial de xadrez, numa série de partidas que entrou para a História do esporte. Os dois na época defendiam a extinta União Soviética. O xadrez, então, era o jogo mais praticado por lá. Alguns campeonatos envolviam até um milhão de participantes, contadas todas as eliminatórias. E o xadrez sempre foi dominado pelos soviéticos. Ou quase.



Em 1972, na Islândia, a disputa pela final do mundial de xadrez foi considerada "a partida do século". Estavam envolvidos, na ocasião, o campeão soviético Boris Spassky e o campeão norte-americano, Bobby Fischer. Logo, pensava-se em uma disputa que ia além do esporte e entrava no terreno político. Foi a primeira e única vez que EUA e URSS estiveram literalmente num campo de batalha. O americano venceu. Mais tarde, a supremacia do xadrez voltou aos soviéticos, com Karpov e Kasparov. Mas a partida inesquecível foi a de 1972, em Reykjavik.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sobre o trânsito

"na medida em que o ser-aí é um ente que eu sou, e imediatamente é determinado como ser-com-os-outros, geralmente e em média não sou eu mesmo meu ser-aí, mas sim os outros; estou com os outros e os outros igualmente com os outros. Ninguém na cotidianidade é ele mesmo." (Martin Heidegger)



Talvez eu venha aqui defender uma opinião extremamente diferente da maioria, mas, enquanto transito pelas ruas da nossa metrópole - de carro, de ônibus ou a pé - há tempos penso sobre os malefícios da película de "insulfilm". Não sei se às vezes exagero, mas chego a pensar que houve uma espécie de "lobby" muito bem feito para que, de uma hora para outra, todas as pessoas (e até hoje encontro raríssimas exceções) resolvessem aderir a esse acessório. Deixando a questão estética em segundo plano, não encontro argumentos que comprovem a necessidade do "insufilm". Afinal, nada garante que pessoas em carros com "insufilm" sejam menos propensas a serem assaltadas. Além do que a diminuição na visibilidade atrapalha demais o trânsito - e não são apenas aqueles que estão dentro do carro "filmado" que são os prejudicados, mas o risco de acidente aumenta para todos, sejam motoristas ou pedestres. Mas é estranho como não adianta discutir certas questões, porque parece que se tornam consenso de uma hora para outra, e não há como mudar.

sábado, 19 de setembro de 2009

Para falar sobre.. moda!?



Não entendo nada do assunto. Só sei que ouvia sempre dizer há uns dez, quinze anos, que os adolescentes, no que diz respeito ao modo de se vestir, dividiam-se em dois grandes grupos. Os "playboys", também conhecidos por "mauricinhos", ou simplesmente "boys", de um lado, que usavam roupas de marca e seguiam um estilo mais conservador e "bonitinho". Seu correspondente feminino seriam as "patricinhas", ou "patys". De outro lado, ficavam os mais diversos grupos alternativos, como os "hippies", "punks", "clubbers", "grunges", e destacavam-se também aqueles que faziam um estilo malandro e largado, os chamados "manos".

No geral, as coisas não mudaram muito nos últimos anos. Apareceram os "indies" e os "emos", além dos "otakus". O que se viu, no entanto, foi que muitas dessas tribos hoje perderam um pouco da sua identidade. Sim, porque o que sempre caracterizou esses grupos alternativos foi o fato de não usarem roupas de "grife" e abominarem qualquer tipo de marca, sobretudo as estrangeiras. Pelo menos era a idéia que eu tinha a respeito.

Recentemente, estou notando o contrário, no entanto. Especialmente no que diz respeito às tribos que, em geral, chamamos de "manos". O que vemos são inúmeras marcas de roupa que os vestem. E, ainda por cima, o preço é alto. Hoje, vejo moleques de classe inferior gastando a pouca grana que têm para comprar roupas de marca. Ou então, são moleques de classe média gastando uma fortuna para se vestir como "manos" e "pagar de malandro".

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Para começar, o ludopédio

A temporada de futebol aqui no Brasil não acompanha o calendário europeu, mas sempre se espera o fim da janela de transferências européias para sabermos quais serão os times-base das equipes que disputam o campeonato nacional, e podermos fazer uma previsão do que vai acontecer. A organização do futebol brasileiro avançou muito nos últimos anos. É só lembrar que dez anos atrás, o calendário nacional era péssimo, havia uma resistência enorme às disputas por pontos corridos, equipes jogavam mais de 80 jogos por ano, e os times grandes, quando eram rebaixados, davam um jeito de se manter na primeira divisão. Ainda falta muito, mas um próximo novo avanço deve ser a adequação ao calendário europeu.

Falemos então da temporada futebolística que se inicia. É sempre interessante acompanhar a temporada que vem logo antes da Copa do Mundo. Os jogadores de todo o planeta estão querendo mostrar serviço para irem à Copa. Embora muitos nem saibam ainda se suas seleções estarão lá.

Impossível não falar do caso desesperador da Seleção Argentina. Afinal, convenhamos, Copa do Mundo sem Itália, Brasil, Alemanha ou Argentina não tem a mesma graça. Ainda acho que os "hermanos" vão conseguir se safar porque devem ganhar do Peru em casa, e pela combinação de resultados talvez cheguem para enfrentar o Uruguai precisando de um empate. Para isso, Maradona não pode inventar na escalação, como tem feito. Contra o Brasil, a zaga argentina foi uma piada.



De qualquer maneira, os amantes de futebol de todo o mundo torcerão pela classificação da Argentina, para termos Messi, Tevez, Zanetti, Verón e Mascherano na Copa de 2010. Não adianta falar que brasileiro tem que torcer contra, porque isso é um mito criado muito recentemente. Mas isso é assunto para outro "post".

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Voltando...? - algumas indicações

Para escrever no blog a gente tem que estar com vontade. Se for forçado, não rola. Assim, deixei um pouco de escrever. Não que não tivesse assunto. Só estava meio sem vontade mesmo. Também não dá certo escrever só de vez em quando. É necessária uma certa freqüência.

Durante esse meio tempo em que estive afastado, não deixei de ler os blogs dos amigos, em especial o blog do meu amigo escritor e professor do "Pouco de Tudo", que faz textos cada vez melhores. Outra escritora em potencial que está surpreendendo a todos com textos belíssimos é a nossa amiga do Brucutu.

Por fim, limito-me a indicar um outro site que conheci recentemente. É o "São Paulo Abandonada", página de dois paulistanos preocupados com a preservação do patrimônio histórico da cidade.

Por enquanto é isso. Mais tarde, falaremos de futebol, política, religião, literatura, educação, entre outros temas...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Dando um tempo...

Aos cerca de quatro visitantes assíduos do blog,... essa postagem é para dizer que, por uma série de motivos, vou deixar de publicar aqui por algum tempo. Pretendo retomar daqui algumas semanas.
Abraços a todos, e muito obrigado pelas visitas e comentários sempre pertinentes!!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Teorias da conspiração



Ultimamente percebo que as pessoas estão muito propensas a aceitar as chamadas "teorias da conspiração". Impressionante como alguns livros e filmes que falam de fatos históricos de maneira enviesada têm tão grande público. Algumas das histórias da carochinha dizem que o Homem na verdade nunca foi à Lua - que teria sido tudo montagem. Ou então que os EUA e a URSS eram aliados durante a Guerra Fria. Ou ainda que os atentados de 11 de setembro foram provocados pelos próprios americanos. Outras também falam de sociedades secretas que escondem há séculos grandes segredos da humanidade - como aquelas baboseiras que constam nos fracos livros de Dan Brown. Até no futebol existem teorias da conspiração, como quando se fala da derrota do Brasil na Copa de 98.

Estranho que esse sentimento de que tudo é uma grande conspiração parece que toma conta da vida de certas pessoas, que passam a viver desconfiadas de tudo e de todos, muito em função disso. Será que alguém também já teve a mesma sensação, ou sou eu que estou criando uma nova conspiração?

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O analfabeto político



Muitos já conhecem o texto de Bertold Brecht sobre política, mas sempre é bom divulgá-lo, já que muitos se esquecem da importância da participação de todos:

O pior analfabeto é o analfabeto político.Ele não ouve, não fala nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o Imbecil que de sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante, o corrupto das empresas nacionais e multinacionais e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista e pilantra.


Homenagem à D. Manor!

domingo, 7 de junho de 2009

Projeto polêmico na Assembléia

O deputado estadual Milton Flávio criou um projeto de lei para mudar o nome de todos os lugares públicos do Estado de São Paulo que homenageiam ícones do período da Ditadura Militar. Para começar, a rodovia Castelo Branco mudaria de nome. A idéia seria que passasse a se chamar "rodovia João Goulart". Mas podem ser escolhidos outros nomes, como Ulysses Guimarães ou Mário Covas. Além da rodovia, mudariam todos os nomes de ruas, praças, teatros, bibliotecas que homenageassem quem autorizou ou praticou tortura. A primeira iniciativa ocorreu em São Carlos, onde um projeto de lei mudou o nome da Rua Sergio Fleury para Rua Dom Helder Câmara. Também, convenhamos, não faz o menor sentido homenagear Sergio Fleury.

O projeto tem levantado debates intensos na Assembléia. De um lado, os deputados do PSDB, PT e PSOL defendem a mudança. De outro, alguns deputados liderados por Conte Lopes, do PTB. Aguardemos.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Cuba

Nós estamos sempre colocando "posts" em referência a Cuba. Hoje saiu uma notícia boa. A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou por consenso a readmissão de Cuba no grupo, revogando a expulsão da ilha feita em 1962, por pressão dos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria. Para alguns dos que se pronunciaram na Assembléia da OEA hoje, é a oportunidade de corrigir um erro histórico.

Como de costume, um vídeo musical sobre o sofrido povo cubano

quinta-feira, 28 de maio de 2009

De Platão a Chico Science

"Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol, sem jamais ter visto efetivamente uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas sombras dos outros e de si mesmos porque estão no escuro e imobilizados. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam."

Não faz tanto tempo assim. A MTV - aquele canal que antigamente só passava clipes musicais, e hoje passa um monte de outros tipos de programas - fazia todo ano (e acho que ainda faz) uma premiação dos melhores clipes.

Era bacana. Sim, porque por volta de dez, doze anos atrás, tínhamos um cenário rico na música brasileira. As rádios ainda tocavam músicas de qualidade. As bandas dos anos 80, como Legião, Engenheiros e Titãs ainda faziam boa música, mas, além disso, surgiam inúmeras novas alternativas, como o mangue beat de Chico Science. Ah, e tinha o Sepultura também, em ótima fase.





E hoje? Será que a música brasileira está menos criativa?

Não. O que acontece é que ainda há boa música, mas ela não chega aos ouvidos da maioria. Nas rádios e tevês ouvem-se Funk, Sertanejo, Jota Quest e outros lixos. Mas,... por quê?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Samba do Crioulo Doido?

Há alguns meses, o Presidente Lula fez este pronunciamento sobre a crise econômica mundial:
"Temos que reconhecer que a situação é delicada e que essa crise é possivelmente maior que a crise de 29. Temos que reconhecer que o Roosevelt só conseguiu resolver a crise de 29 por causa da Segunda Guerra Mundial. Como não queremos guerra, queremos paz, nós precisamos ter mais ousadia, mais sinceridade, mais inteligência porque não dá para admitir uma guerra para resolver um problema econômico".

Percebe-se nitidamente que o Presidente comete vários equívocos na análise que faz da História. No entanto, nos dias que se passaram, muitos internautas receberam e-mails com um trecho do discurso e com um comentário, de um autor anônimo, fazendo a crítica do que dissera Lula. Para o anônimo:
"A segunda guerra mundial, que durou de 1939 a 1945, nada teve a ver com a crise econômica americana, nem com sua solução.
A Alemanha foi levada para a guerra por fanatismo do partido nazista, que nasceu dentro do partido trabalhista alemão. As condições impostas pelos aliados à Alemanha após a primeira guerra deram força ao partido dos trabalhadores de se organizar em um movimento patriótico e refazer o exercito alemão.
Em 1929, toda a economia do mundo era localizada, e isolada, separada por oceanos e etnias, nunca se ouvindo falar em globalização como hoje. Além disso, a solução da crise passou por contenção drástica de despesas do governo, redução de custos e impostos."


Já faz um tempo que eu recebi este e-mail, mas recentemente reli com mais calma e ainda estou na dúvida. Quem fez a pior análise? Lula ou o anônimo?

Sim, porque a Segunda Guerra Mundial teve tudo a ver com a Crise de 29. Foram seus efeitos que impulsionaram a ascensão dos nazistas. Não houvesse a Crise, não teríamos o fortalecimento do partido de Hitler e talvez não teríamos a Guerra que tivemos. Além disso, o anônimo comete outros erros crassos no seu texto. Diz ser profundo conhecedor de História, mas devia ter pesquisado um pouco mais antes de elaborar a crítica. A coisa está feia mesmo...

domingo, 17 de maio de 2009

Fracasso das reformas em educação

Antonio Viñao Frago é Catedrático de Teoria e História da Educação na Faculdade de Educação da Universidade de Múrcia. Uma de suas principais linhas de pesquisa é a análise das políticas e reformas educativas nas suas relações com as culturas escolares.

Segundo a lúcida análise do autor, o grande problema das reformas educativas é o fato de que elas são a-históricas e são concebidas sem levar em conta as culturas escolares - o conjunto de normas, hábitos, práticas, mentalidades e comportamentos existentes na instituição escolar. As reformas, postas de cima para baixo, sem considerar as especificidades de cada cotidiano escolar, não funcionam.

Daí a dificuldade de se implantar certas reformas no ensino público. Daí a dificuldade em se instalar a progressão continuada. Daí a dificuldade em se abandonar a alfabetização por cartilhas. Daí a dificuldade em mudar o currículo do Ensino Médio, e torná-lo menos conteudista. Daí a dificuldade em se ensinar atualmente tabuada e contas de divisão.

Acontece que o professor não está preparado para elaborar e dar conta de todas as informações que chegam até ele. As teorias pedagógicas mais modernas, as pressões de reformas vindas do Estado, as mudanças rápidas na tecnologia e nos valores - tudo isso confunde a cabeça do educador. Se confunde a do educador, imagine a dos alunos. O problema é que ninguém esclarece nada.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

13 de maio

Hoje faz 121 anos que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Durante muito tempo esta data foi comemorada como o marco do fim da escravidão no Brasil. De um tempo para cá, o movimento negro passou a criticar a celebração da data e preferiu adotar o dia 20 de novembro, dia da morte de Zumbi, como o mais representativo pela luta contra a escravidão no Brasil. Nada mais justo. Se há o feriado de Tiradentes, é correto que haja o feriado de Zumbi. Como seria também correto se houvesse um feriado em homenagem a Antonio Conselheiro, ou a outros brasileiros que lutaram pela liberdade/igualdade.



No entanto, desconsiderar a data da abolição da escravidão não seria também desconsiderar a luta dos abolicionistas do século XIX? É verdade que há os que dizem que a abolição ocorreu somente por interesses econômicos da elite que se modernizava no final do Império, ou então que a abolição iria acontecer de qualquer maneira, etc, etc. Tudo isso é verdade. Mas e Castro Alves, Rui Barbosa e muitos outros intelectuais que lutaram pelo fim da escravidão? Não dá para jogar fora as suas lutas, e lembrar de 13 de maio é uma maneira também de lembrar da campanha abolicionista. Concordo que o feriado deva ser no dia 20 de novembro, mas também não vamos desprezar o 13 de maio!

domingo, 10 de maio de 2009

Lisbon Revisited (1926)

Como já publicamos aqui anteriormente "Tabacaria" e "Poema em Linha Reta", é hora de publicar outro belo poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Em 1923, ele escreveu em 1923 um poema amargo intitulado "Lisbon Revisited". Três anos mais tarde, um novo poema de mesmo título. Melancólico, porém belíssimo. Não sei por que cai tão bem neste momento.

Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.

Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Pelo fim do conteudismo? - as funções da escola



Já falamos inúmeras vezes nesse blog a respeito da necessidade urgente da valorização do profissional da educação - sobretudo o do Ensino Básico. Somente assim encontraremos avanços na qualificação dos educadores, fundamento para qualquer futura mudança na área. Sem um bom número de educadores qualificados, não haverá nunca progresso significativo.

Não adianta o MEC querer implantar filosofia e sociologia no Ensino Médio se não há gente qualificada para dar esses cursos. Não adianta fazer grandes alterações no Vestibular se os alunos continuam saindo da escola muitas vezes sem saber ler e escrever.

A última proposta de alteração do MEC é a de acabar com a tradicional divisão por disciplinas. Ao invés de dez disciplinas, sobrariam apenas quatro. Por exemplo, as matérias de História, Geografia e Filosofia se fundiriam em uma mais abrangente denominada Ciências Humanas. As outras seriam Matemática, Ciências (incluindo Biologia, Química e Física) e Línguas. Tudo isso para incentivar a chamada interdisciplinaridade. Bacana. Mas se não temos gente qualificada, quem vai saber pôr em prática essas mudanças adequadamente?

O resultado disso tudo é que o MEC, ao tentar, ainda que acertadamente, combater o conteudismo, vai acabar caindo em um outro extremo, o da falta total de conteúdo.

Sempre fui defensor de um ensino que privilegie o raciocínio, a reflexão e a autonomia. No entanto, corremos o risco de desprezar uma das funções da escola, que é a de transmitir o saber adquirido ao longo dos tempos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Feriado

Feriado. Dia de escrever no blog. Falar dos acontecimentos que atingem o globo, como a gripe suína? Ou de acontecimentos importantes em âmbito nacional, como a discussão entre os ministros do STF? Poderia também lembrar que há quinze anos atrás morria um grande ídolo brasileiro, Ayrton Senna.

No entanto, prefero hoje falar de notícias que li recentemente sobre São Paulo. Uma boa, outra ruim. A boa notícia é que saíram alguns dados recentes sobre a Fundação CASA, antiga FEBEM. Neste ano, o número de rebeliões e fugas diminuiu em mais de 70 por cento. Coincidência, ou houve uma ação nesse sentido? Parece que, finalmente, após 15 anos de PSDB no governo do Estado, acertaram alguma coisa na FEBEM neste ano! Mudanças administrativas ocorreram: hoje caminha-se para uma descentralização das unidades e uma mudança em certos cargos de direção, sendo que alguns antigos diretores foram afastados. Interessante notar que as mudanças ocorreram todas de um ano para cá, e parece que já surtiram efeitos. Ou seja, não houve um planejamento de longo prazo. Se houvesse, então...

Uma outra notícia que diz respeito à sociedade paulistana não é boa. A população da cidade de São Paulo aumentou em 2% no ano de 2008. A população que mora em favelas aumentou em 4%, o que nos permite dizer que, infelizmente, as desigualdades se acentuam.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Atrocidades turcas na Armênia

O governador José Serra nesta sexta-feira publicou um texto bastante lúcido na Folha de São Paulo sobre um acontecimento histórico que muitos desconhecem. Para quem não sabe, todo dia 24 de abril a comunidade dos armênios, espalhada pelo mundo, relembra o terrível genocídio provocado pelos governantes turcos durante a Primeira Guerra Mundial. Estima-se que cerca de um milhão e meio de pessoas tenham sido mortas naquela ocasião.

A verdade é que se deve tomar cuidado ao falar do genocídio na Armênia, assim como quando se fala no Holocausto. Às vezes, caímos no erro de alimentar certos antagonismos. Uma coisa é relembrar o fato histórico, analisá-lo e criticá-lo. Outra é insistir em, por exemplo, considerar armênios e turcos como povos historicamente inimigos, como alguns ainda fazem.

Para conhecer um pouco mais sobre tais acontecimentos, vale a pena procurar o livro do historiador inglês Arnold Toynbee "Atrocidades Turcas na Armênia", recentemente reeditado no Brasil pela Paz e Terra. A seguir, dois vídeos sobre a Armênia. Um deles é composto por fotografias da época, tiradas por uma missionária norueguesa. O outro, por imagens variadas que dizem respeito à Armênia. Em ambos, de fundo, a belíssima música sacra "Der Voghormia", uma oração que dizem ter cerca de 1700 anos.



quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cuba e Galeano

O encontro de líderes americanos neste último fim-de-semana foi marcado por algumas situações interessantes. Primeiramente, cabe lembrar que a ausência dos representantes de Cuba - que deixaram de ser convidados desde o início do governo de Fidel - foi bastante criticada por vários líderes. Acredita-se que nos próximos anos a tendência é de que Cuba volte a fazer parte desse tipo de encontro. Já era tempo.

Outro fato a ser mencionado foi o presente que o presidente americano Obama ganhou do presidente venezuelano Hugo Chavez - um clássico livro de Eduardo Galeano, pensador uruguaio e símbolo da esquerda latino-americana. O mais incrível é que, dois dias depois, a obra passou a figurar entre as mais vendidas em um dos pricipais sites norte-americanos de compras virtuais - o Amazon.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Governo inconstitucional?

Bem, vamos deixar de lado o futebol... Agora o assunto é política.

Nesta semana, acompanhamos os acontecimentos no Maranhão. O governador eleito em 2006, Jackson Lago, teve seu mandato cassado pelo TSE por causa de irregularidades na campanha. Teve, portanto, de deixar o cargo. Assumiu o governo a segunda colocada no pleito de 2006, Roseana Sarney. Não iremos entrar no mérito da decisão do TSE, se ela foi ou não adequada, até porque não teríamos material suficiente para analisar o caso.



No entanto, não nos parece correto que a nova governadora seja alguém que perdeu a eleição. Significa que assumirá o cargo uma pessoa que não conseguiu mais de cinqüenta por cento dos votos! Duro golpe à democracia. Como pode governar alguém que não foi escolhido pela maioria - ainda que tenha porventura obtido expressiva votação?

Acontece que a Constituição Brasileira parece ter esta falha. Não há nenhum dispositivo que, expressamente, vede o governo de alguém que não tenha sido eleito pela maioria. Nada explícito. Após décadas de ditaduras, ainda não se resolveu adequadamente a questão. No entanto, uma interpretação de nossa Carta Magna pode ainda chegar à conclusão de que o novo mandato seria inválido, e que novas eleições teriam de ser convocadas. Esperamos que o STF se manifeste dessa maneira.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ludopédio

Para mudar de assunto e falar um pouco de futebol.

Na Europa, o que vemos é um predomínio total do futebol inglês na UEFA Champions League, a competição mais importante do planeta. Ou melhor, dos times ingleses, já que um dos semi-finalistas, o Arsenal, não tem sequer um jogador inglês em sua equipe titular. Já se previa que os ingleses chegariam longe, tendo em vista os investimentos que lá foram feitos em alguns clubes nos últimos anos. Destaque da semana foi o jogo espetacular que Chelsea e Liverpool fizeram pelas quartas-de-final: 4 a 4.

Nas Américas, o único time cem por cento na Libertadores é o Boca Juniors, o que não é nenhuma surpresa, ainda mais tendo caído em um grupo fraco. Os times brasileiros estão fazendo um bom papel, exceção feita ao Palmeiras. A pergunta que não quer calar: Luxemburgo dá azar em Libertadores, ou falta-lhe competência?

Em São Paulo, a cidade estará em festa no fim-de-semana - e em "pé de guerra" também. Os quatro grandes estão na semi-final do simpático mas pouco importante torneio paulista. Não dá para se saber quem levará a melhor.

Em breve, mais postagens sobre política e educação.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Entre os Muros da Escola

O filme francês em cartaz nos cinemas traz algumas questões atuais sobre a educação pública na França, mas que servem perfeitamente para discutir a educação pública brasileira. Vale a pena conferir e refletir a respeito. À propósito, seria interessante também visitar o blog de nossas colegas do Educaforum, onde há um texto muito interessante analisando o filme.

sábado, 11 de abril de 2009

Para não deixar de falar na Itália

Não podia deixar de mencionar nesta Semana Santa os trágicos terremotos que abalaram a região central da Itália e deixaram centenas de mortos. O vídeo a seguir traz belas imagens do Sul da Itália e a música é o belíssimo Intermezzo da Cavalleria Rusticana de Mascagni. A todos que passam por algum tipo de sofrimento recentemente, a mensagem da Páscoa é a de que "todo dia é um renascimento".

terça-feira, 7 de abril de 2009

O Vestibular unificado

Fala-se de uma alternativa proposta pelo MEC para unificar os vestibulares das Universidades Federais em torno de uma única prova, que seria semelhante ao ENEM. O que se argumenta é que, além de facilitar a distribuição das vagas por todo o país, seria uma avaliação que privilegiasse o raciocínio dos alunos, e não a "decoreba". Alguns contestam o modelo atual por exagerar no conteúdo. Daí, as escolas têm que ensinar muita matéria, porque o vestibular das boas universidades é exigente. Nem tudo é absorvido, no entanto. Para piorar a situação, os alunos de escola pública ficam em desvantagem.

Por outro lado, uma avaliação pouco conteudista pode sepultar diversos conteúdos hoje trabalhados no Ensino Médio e fazer com que, em alguns casos, o aluno chegue ainda menos preparado para alguns cursos superiores. Será? De qualquer modo, é uma questão a ser pensada com cuidado.

terça-feira, 31 de março de 2009

Material didático e escola pública



A imagem acima é de um mapa que consta em uma das apostilas distribuídas neste ano pelo governo de São Paulo nas escolas públicas. Ainda que o erro em relação aos países seja grave, não é só por isso que devemos criticar o material. O material todo é um erro. Os assuntos estão fora de ordem e desconexos, os exercícios muitas vezes não têm sentido, faltam textos e ilustrações.

Em suma, se era para fazer uma porcaria dessas, era melhor não terem feito nada. Na prefeitura, pelo menos, ninguém inventa moda, e utiliza-se, na maior parte das vezes, o material da Editora Moderna, que é muito bom.

Melhor nem falar mais nada.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Novo pacote é lançado

Nesta última semana foi lançado pelo governo federal o programa "Minha Casa, Minha Vida", cujo objetivo é construir 1 milhão de moradias para famílias com renda até dez salários mínimos. As regiões mais beneficiadas serão o Nordeste e o Sudeste, tendo em vista o déficit de habitações descrito pelo IBGE. As casas serão financiadas, e o comprador só começa a pagar depois que já estiver morando na casa, para evitar acúmulo de despesas.



Sem dúvida que foi uma atitude importante, a ter bons reflexos na área social. No entanto, algumas questões debatidas pelos especialistas nos mostram que há equívocos no Plano. Primeiramente, não é apenas através da construção de casas que se resolve o problema da habitação. Outras medidas mais baratas, como urbanização e regularização de áreas precárias já construídas, aluguel subsidiado e ocupação de prédios vazios podem ser alternativas melhores em alguns casos.

Outra crítica é que o plano estaria em desacordo com o Plano Nacional de Habitação, finalizado no fim do ano passado, e que trata da questão de modo mais amplo, buscando a regulação fundiária.

O que nos parece é que muitas medidas tomadas pelo governo federal, ainda que com boas intenções, carecem de maior debate público e de levar mais em conta a opinião de especialistas da área. Assim ocorreu e ocorre também na questão da transposição do Rio São Francisco.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Russell e ateísmo

Alguns trechos selecionados de Bertrand Russell. Comentários?

“Por conseguinte, julgo que, ao dizer-vos que não sou cristão, tenho de contar-vos duas coisas diferentes: primeiro, por que motivo não acredito em Deus e na imortalidade e, segundo, por que não acho que Cristo foi o melhor e o mais sábio dos homens, embora eu lhe conceda um grau muito elevado de bondade moral.”

“A questão da existência de Deus é de tal natureza que pode ser decidida a partir de bases muito diferentes por diferentes comunidades e diferentes indivíduos. A imensa maioria da humanidade aceita a opinião prevalecente em sua própria comunidade. Nos tempos mais remotos dos quais temos evidências históricas definidas, todos acreditavam em muitos deuses.”

"Como já disse, não creio que a verdadeira razão pela qual as pessoas aceitam a religião tenha algo que ver com argumentação. Aceitam a religião por motivos emocionais. Dizem-nos com freqüência que é muito errado atacar-se a religião, pois que a religião torna os homens virtuosos. Isso é o que me dizem; eu jamais o percebi."

"Eis aí a idéia – a de que todos nós seríamos maus se não nos apegássemos à religião cristã. Parece-me que as pessoas que se apegaram a ela foram, em sua maioria, extremamente más. Tendes este fato curioso: quanto mais intensa a religião em qualquer época, e quanto mais profunda a crença dogmática, tanto maior a crueldade e tanto pior o estado das coisas. Nas chamadas Idades da Fé, quando os homens realmente acreditavam na religião cristã em toda a sua inteireza, houve a Inquisição, com as suas torturas; houve milhares de infelizes queimadas como feiticeiras – e houve toda a espécie de crueldade praticada sobre toda a espécie de gente em nome da religião."

quarta-feira, 18 de março de 2009

Franco Corelli

Inspirado pelo "post" sobre Maria Callas no blog de meu amigo Danilo, vou colocar uns trechos de um grande tenor do século XX, Franco Corelli. Apesar de não ser tão conhecido pelo grande público, foi um cantor a ser colocado lado-a-lado àqueles mais conhecidos, como Del Monaco, Domingo e Pavarotti.

Vejamos uma ária de Andrea Chenier, "Improvviso", e uma canção popular, "Tu ca non chiagne", ambas de 1971:



domingo, 15 de março de 2009

Patch Adams & Rubens Paiva

Vou postar um vídeo e um texto que me chamaram a atenção neste fim-de-semana. Como se poderá observar, eles não têm nada a ver um com o outro. No entanto, um olhar mais atento verá que se complementam perfeitamente.

Entrei em contato pela primeira vez, apesar de já ter ouvido falar anteriormente, com a entrevista dada ano passado pelo médico norte-americano Patch Adams (o mesmo que inspirou o filme de Hollywood) no Roda Viva, da TV Cultura. Vou colocar um trecho, mas o ideal é assisti-la por inteiro (tem no Youtube). Mais do que uma pessoa que procura trazer alegria para dentro do hospital e melhorar a relação médico-paciente, Patch Adams mostra ter uma visão ampla da sociedade atual, e traz idéias para transformá-la.



No sábado, saiu a coluna do Marcelo Rubens Paiva, no Estadão. Ao contar um pouco de sua infância no Rio de Janeiro, ele faz uma reflexão sobre a sociedade e política brasileiras dos últimos anos. Vale a pena ler e pensar a respeito de sua interpretação:

Aos 6 anos me mudei para o Rio de Janeiro. Meu pai fugia do estigma de paulista comunista inimigo da ditadura. Cassado e exilado dois anos antes, no Golpe de 64, voltou para o Brasil clandestinamente e imaginava ter menos visibilidade e mais oportunidades na Guanabara.

Moramos no Leblon, a três quadras da Favela do Pinto. Na época, o bairro não tinha o status de hoje. Havia a favela dentro e um conjunto popular que assustava a elite, a Cruzada, o primeiro do gênero - criado por Dom Hélder Câmara. Bacana era morar em Ipanema e Copacabana.

Jogávamos futebol na rua. Eventualmente o jogo era interrompido:"Olha o carro." A regra era parar imediatamente. Cada rua tinha um time, com moradores da favela. A maior glória era jogar no campinho de terra da Cruzada. Lá, havia torcida e o campeonato era definitivo.

Minha rotina era de uma paz que nunca mais encontrei. Vivia na ex-capital do país, mas era como se eu estivesse numa pacata vila.

Eu circulava pelo bairro de bicicleta. Muitas vezes, tinha de parar para cumprimentar e papear com os amigos. Nunca fui assaltado. Nunca sofri qualquer tipo de violência. Psicopatia social não estava em nossos dicionários.

Pulávamos o muro do Clube Paulistano, para jogar bola. Depois, dividíamos o milk-shake com os que não tinham dinheiro. Enfiávamos vários canudinhos num mesmo copo e contávamos até três. Sorte daqueles que, com bons pulmões, conseguiam sugar mais rapidamente o sorvete.

No domingo, lotávamos uma Kombi para ir ao Maracanã, assistir ao Flamengo de Fio Maravilha, time do bairro. Os pais se revezavam. O meu nos levou certa vez. Ficou surpreso com a quantidade de palavrões que conhecíamos.

Num dia de semana a praia amanheceu apinhada. Toda a favela correu para lá. Estavam chamuscados. Crianças choravam. Carregavam seus pertences. Na água, bonecas com fuligem. A favela tinha pegado fogo. Foram os militares, diziam. Até hoje pairam dúvidas. Viram helicópteros sobrevoando a favela na noite da tragédia.

O tumulto durou uns dias. Certa manhã, tomávamos café, e um grupo de moleques invadiu nossa casa. Não falaram nada. Foram pra geladeira e comeram com as mãos o que encontraram. Nem nos levantamos da mesa.

Enfim, foram removidos. O filme "Cidade de Deus" começa com os favelados chamuscados chegando à sua nova moradia, coincidentemente recém-inaugurada.

O terreno abandonado foi aterrado em tempo recorde. Em meses, subiram prédios de até 17 andares. Os apartamentos foram comprados exclusivamente por militares, que receberam empréstimos descontados diretamente da folha de pagamento (soldos). O condomínio, que se estende por grandes quadras, com uma praça no meio, recebeu o apelido de Selva de Pedra, em homenagem à novela da Globo que fazia sucesso.

A especulação imobiliária expulsou o democrático futebol de rua. Enviaram os pobres para os guetos. E o convívio pacífico virou poeira.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Vamos esperar até 2022?

Se as péssimas notas que os professores de escola pública tiraram na última avaliação promovida recentemente não bastam para que algo de grande alcance seja feito buscando um ensino de mais qualidade, o jeito mesmo é esperar até 2022.

Sim, porque para o "Todos pela Educação" existem metas a serem cumpridas até 2022, ano do bicentenário da Independência. Interessante, mas se nada for feito, algumas destas metas são impossíveis de serem alcançadas, como se tem observado.

Em São Paulo, que deveria, até pela sua prosperidade econômica, proporcionar um ensino de mais qualidade a seus alunos, 72 por cento dos educadores que trabalham com alfabetização tiraram nota inferior a 6 no último exame promovido pelo governo.

Tendo em vista esses dados, o que fazer? Insistimos que, antes de qualquer coisa, o bom profissional da educação tem de ser valorizado, até porque, caso contrário, ele resolve trabalhar em um banco e entra um "meia-boca" em seu lugar...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Aborto e excomunhão

Difícil não se manifestar a respeito das atitudes do arcebispo de Olinda e Recife, que excomungou imediatamente a equipe médica que praticou um aborto em uma menina de 9 anos que havia sido anteriormente estuprada pelo padrasto. Também a mãe da menina foi excomungada.

Cumpre salientar que a lei brasileira permite o aborto em casos como este. Nada mais correto.

No entanto, a Igreja é contra o aborto e a excomunhão seria a atitude a ser tomada segundo o Direito Canônico nestes casos. Questão a ser revista pelos teólogos. De qualquer modo, não havia necessidade de agir desta maneira em um caso tão complicado, o que nos faz pensar que o clérigo só fez isso para "aparecer". Não há outra explicação.

Ocorre que a Igreja deveria começar a planejar o Concílio Vaticano Terceiro logo, e mudar alguns dogmas ultrapassados.

terça-feira, 3 de março de 2009

Ensino Superior e cotas



Realmente prefiro, quando trato de educação, falar sobre problemas e soluções para a Educação Básica. Dificilmente falo do Ensino Superior, já que ele, em comparação com os demais níveis de ensino, vai "bem, obrigado". Mas a discussão nos "media" sempre diz respeito às Universidades.

Ontem mesmo saiu uma notícia falando das alterações que acontecerão no vestibular da Fuvest. O que se percebe - já há algum tempo - é que o vestibular cada vez mais prioriza a cultura geral dos alunos e suas habilidades cognitivas, em detrimento de decorebas ou assuntos específicos. Ótimo! O problema é que logo aparecem os grandes especialistas no assunto dizendo se as mudanças serão melhores ou piores para os alunos de escola pública. Ora, as mudanças atingem a todos, e os alunos de escola pública continuam em desvantagem, já que recebem um ensino mais fraco. Esta é a questão a ser discutida - a qualidade do Ensino Básico, e não o acesso à Universidade.

Do mesmo jeito, nas próximas semanas, o Senado vai discutir uma lei que obriga todas as Universidades Federais a reservar 50 por cento das vagas a alunos de escola pública. Constam também na lei as chamadas cotas raciais para negros, índios e pardos, ainda que de modo meio confuso, pois as vagas para os negros seriam destinadas proporcionalmente ao número de habitantes negros do Estado, o que deve causar problema.

É certo que o ingresso no Ensino Superior deva ser feito pelo mérito, até para que o nível do Ensino se mantenha forte. No entanto, o que se viu há um tempo - e já começou a mudar - foi uma elitização enorme das Universidades Públicas, o que não pode ocorrer. Cotas sociais ou bônus para alunos de escola pública são maneiras de atenuar este problema e dão nova vida à Universidade. Não vou entrar nos detalhes, mas quem viveu anos de vida acadêmica e/ou trabalhou em projetos de ensino para alunos de escola pública sabe do que estou falando.

Do mesmo jeito que há anos defendo as cotas sociais, sou contra as raciais, já que caem no grave erro de separar racialmente a sociedade. Mais do que anti-racista, a sociedade, e, por extensão, as leis devem ser anti-racialistas. Mas isso é assunto para o Senado, e no futuro para o STF.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Futebol - perspectivas 2009

Como de praxe, vamos fazer as previsões para o ano futebolístico. Dificilmente darão certo, já que o futebol sempre foi e sempre será uma "caixinha de surpresas", como todos insistem em dizer. Em ano que não tem nem Copa do Mundo e nem Eurocopa, resta-nos falar sobre as demais competições importantes, ou seja, Champions League e Libertadores. O resto é resto.

Na Europa, observa-se que atualmente as grandes forças do futebol estão concentradas na Inglaterra. Os quatro grandes times ingleses continuam na disputa da competição continental, e, como se não bastasse, largaram na frente por vagas nas quartas-de-final. Considerando-se as últimas competições realizadas, é difícil imaginar que um deles não chegue à final. Até porque os times espanhóis ultimamente não conseguem empolgar, e os italianos ainda sofrem as conseqüências da crise provocada por escândalos de corrupção acontecidos anos atrás.

Na América do Sul, a competição continental será empolgante, já que terá a presença dos quatro clubes brasileiros com melhor retrospecto no campeonato (São Paulo, Grêmio, Cruzeiro e Palmeiras), além de Boca Juniors, River Plate e outras equipes que, surpresas ou não, costumam incomodar.

Puro palpite: teremos uma equipe inglesa e uma brasileira disputando a final do Mundial Interclubes no fim do ano. Fato que ocorreu três vezes até agora: 1981 - Flamengo x Liverpool; 1999 - Palmeiras x Manchester United; 2005 - São Paulo x Liverpool. Vejamos um trecho do triunfo do Flamengo de Zico



(como bom palmeirense, eu gostaria que se repetisse a final de dez anos atrás, desta vez com vitória alvi-verde, é claro)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Está chegando

Daqui um mês, teremos em São Paulo e no Rio de Janeiro duas apresentações da banda inglesa Radiohead, com abertura dos cariocas dos Los Hermanos. A expectativa é de bons shows. Esperamos que sim!



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

"a gente só conhece bem as coisas que cativou"


Uma boa novidade nas livrarias é a nova versão para história em quadrinhos do livro de Antoine de Saint-Exupéry, "O Pequeno Príncipe", clássico de 1943, pela editora Agir. As ilustrações são feitas pelo artista francês Joann Sfar, e a história, apesar de não seguir à risca o original, também não se distancia dele, tornando-se uma adaptação válida para os quadrinhos. Vale a pena.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Borges

"Sob as árvores inglesas fiquei meditando nesse labirinto perdido: imaginei-o inviolável e perfeito no cume secreto de uma montanha, imaginei-o apagado por arrozais ou debaixo d'água, imaginei-o infinito, não já de quiosques oitavados e de veredas que voltam, mas de rios e províncias e reinos..."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Professores que não são professores

A respeito de educação, uma questão com a qual muito se depara mas pouco se discute é a formação dos professores. Os baixos salários e as poucas perspectivas de plano de carreira afugentam os jovens de seguir a profissão de professores. Quantos bons professores em potencial não acabam fazendo Direito, Administração, Engenharia, Jornalismo, entre outras faculdades? Conheci inúmeros que nunca pensaram em fazer uma faculdade que formasse professores, mas que seriam excelentes professores se o tivessem feito. Acontece que nem passa pela cabeça da maioria das pessoas ser professor. Além de baixos salários, não existe um reconhecimento por parte da sociedade aos profissionais da educação. Conversando com alguns colegas, chegamos à conclusão de que os professores ou são professores porque gostam demais da profissão, ou - pasmem! - porque não conseguiram fazer outra coisa nas suas profissões de origem e acabaram indo dar aula. Ou seja, fracassaram como médicos, engenheiros, advogados (até porque o mercado está saturado nestas áreas) e arrumaram (sabe-se lá como) emprego de professores.

Resumindo, de um modo bem simplório. O que encontramos é o seguinte. Jovens que teriam potencial para ser bons professores vão fazer cursos que lhes permitem trabalhar no mercado financeiro ou em multinacionais (Direito, Engenharia, Administração). Dentre os que optam por cursos de formação de professores, muitos acabam seguindo a carreira acadêmica e de pesquisa. Sobram para trabalhar na Educação Básica aqueles profissionais que, por vocação, dedicaram sua vida à Educação - e que, por sorte, não são tão raros como se pensa. Além destes, sobram aqueles que estão na Educação apenas "de passagem, enquanto não encontram algo melhor", e o afirmam sem o menor pudor.

Século XXI: chegou a hora do fim dos professores-advogados e professores-engenheiros! Não que o mal da educação esteja somente neles - e entre eles existem os que são bons profissionais, é claro. Mas enquanto não for valorizado o verdadeiro profissional da educação as coisas não irão mudar nunca. Aquele que fez Matemática, História, Física, Biologia, ou então que fez Pedagogia, ou até mesmo o antigo Curso Normal. Sim, porque um engenheiro da Poli, que pode até saber Matemática, não fez matéria de Educação. O mesmo serve para um advogado da São Francisco, que pode saber um pouco de História ou Português. Mas na verdade não sabe nada de Educação. Não é da área e pronto. Afinal, corretamente, não se permite a nenhum profissional que não seja médico realizar uma cirurgia.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Famílias

Assim como acontece em relação às tecnologias digitais, nos últimos quinze anos as transformações que aconteceram nas famílias foram muito intensas e significativas.

Do mesmo modo que há quinze anos atrás ninguém usava celular ou navegava na Internet, a porcentagem de famílias nucleares (pai, mãe e filhos) era muito maior. Hoje, pode-se definir a família (numa definição bem simplória) como sendo um agrupamento de pessoas que se amam e, por isso, escolhem viver juntas, ao contrário da definição anterior, que pressupunha os laços sangüíneos.

Acontece que a família nuclear é uma novidade no mundo Ocidental. Chega a ser até uma instituição recente, resultado das transformações que ocorreram a partir da Revolução Industrial e das Revoluções Burguesas. Ou seja, coisa de 200 anos, no máximo.

O resultado dessas rápidas mudanças? A diversidade! Aumento do número de adoções, de famílias extendidas, pessoas morando sozinhas, crianças com duas famílias, além da criação da guarda compartilhada, entre outros. Para falar a verdade, sempre achei mais interessante a diversidade...